Atraso no desenvolvimento da fala, dificuldades com leitura e escrita, além de problemas de compreensão e expressão, podem indicar transtornos do neurodesenvolvimento, como a dislexia. Este transtorno específico de aprendizagem afeta habilidades básicas de leitura e linguagem, sendo mais comum do que muitos imaginam, com estimativas de atingir cerca de 10% da população mundial, incluindo 8 milhões de brasileiros.
O que é dislexia?
A dislexia é caracterizada por dificuldades persistentes na identificação, decodificação e compreensão de palavras escritas, apesar de um desenvolvimento cognitivo adequado. Não é relacionada à inteligência, mas sim a diferenças neurológicas que impactam o processamento da linguagem. Embora seja mais evidente na infância, também afeta adultos, que muitas vezes convivem com o transtorno sem diagnóstico.
Tipos de dislexia
De acordo com a psicopedagoga Samara Passos, a dislexia pode ser dividida em:
- Visual: dificuldades em reconhecer palavras ou letras com base em estímulos visuais.
- Auditiva: comprometimento na relação entre sons e letras, dificultando a leitura fonética.
- Mista: combinação de dificuldades visuais e auditivas, o que agrava o impacto no aprendizado.
Esses tipos podem variar em grau (leve, moderado ou severo), influenciando desde a alfabetização até atividades cotidianas na vida adulta.
Sinais na infância e na vida adulta
- Na infância:
- Dificuldade em associar sons e letras.
- Desempenho escolar abaixo da média, mesmo com inteligência preservada.
- Problemas em aprender a ler e escrever no ritmo esperado.
- Na vida adulta:
- Dificuldade em compreender textos longos, com tendência a “pular” palavras ou perder-se na leitura.
- Erros frequentes de ortografia e confusão de letras.
- Problemas em organizar pensamentos por escrito, tornando a escrita menos coesa e clara.
- Evitação de tarefas que envolvam leitura em público, por insegurança.
- Frustrações em atividades diárias que exijam planejamento ou execução detalhada.
É importante observar o histórico de dificuldades desde a infância, que pode ter sido negligenciado ou confundido com outros problemas escolares.
Diagnóstico e tratamento
A dislexia pode ser identificada por meio de avaliações multidisciplinares realizadas por psicopedagogos, neuropsicólogos e outros profissionais especializados. O diagnóstico precoce é fundamental, mas nunca é tarde para buscar ajuda.
Tratamento e estratégias incluem:
- Ferramentas de leitura assistiva (softwares, audiobooks).
- Terapias cognitivas para melhorar autoestima e confiança.
- Técnicas de organização e redução de ansiedade.
- Intervenções personalizadas que ensinam estratégias de compensação.
A conscientização sobre a dislexia é essencial para garantir que crianças e adultos com o transtorno tenham apoio adequado, permitindo uma vida mais plena, com menos barreiras na educação, no trabalho e nas relações interpessoais.