APONTA ESTUDO

Trabalho autônomo está ligado a menor risco de doenças cardíacas

A cada 90 segundos, uma pessoa morre de doenças cardiovasculares no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Uma nova análise da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles), feita em 2025 com 20 mil adultos em idade ativa, revela que o trabalho autônomo , especialmente entre mulheres,  está associado a taxas significativamente menores de obesidade, sedentarismo e noites mal dormidas, três dos principais fatores de risco para problemas cardíacos.

Os pesquisadores analisaram fatores como IMC (índice de massa corporal), pressão arterial, frequência de exercícios e padrões de sono, traçando um panorama abrangente da saúde cardiovascular dos participantes.

Veja as principais descobertas do estudo
Mulheres autônomas tinham 7,4% menos chance de serem obesas, 7% menos chance de estarem fisicamente inativas e 9,4% menos probabilidade de relatar sono insuficiente, em comparação às mulheres com empregos tradicionais.

Esses padrões se mantiveram mesmo após o controle por idade, escolaridade, estado civil, renda e acesso a plano de saúde.

Entre os homens, o trabalho autônomo não foi associado a reduções tão significativas nos fatores de risco cardíaco. Para homens negros e hispânicos, os benefícios de saúde do empreendedorismo foram nulos ou até revertidos.

Vale destacar que o estudo se concentrou em fatores de risco modificáveis (peso, atividade física e sono), que são preditores importantes de doenças cardiovasculares no futuro.

Por que o empreendedorismo ajuda a saúde do coração?
Por que o trabalho autônomo beneficia mais a saúde das mulheres em relação aos empregos tradicionais? Os autores do estudo e outros especialistas apontam para o chamado “modelo demanda-controle”, uma teoria que defende que a autonomia (controle sobre tarefas e horários) ajuda a reduzir o estresse do trabalho e seus efeitos no corpo.

Pesquisas de Harvard e outras instituições vêm reforçando que altos níveis de autonomia no trabalho estão ligados a melhores desfechos cardiovasculares – especialmente entre mulheres.

Enquanto os empregos tradicionais costumam envolver horários rígidos, reuniões obrigatórias e menos margem para adequar as demandas ao bem-estar individual, veja como pode ser o dia a dia de alguém que trabalha por conta própria:

Fazer caminhadas e agendar consultas médicas ou compromissos familiares no meio do dia, sem precisar de aprovação ou justificativas corporativas.
Preparar refeições em casa e fazer pausas flexíveis, em vez de almoçar correndo ou passar o dia inteiro em frente a telas.
Ajustar a carga de trabalho conforme os níveis de estresse e as necessidades de saúde, favorecendo um sono melhor e mais energia.
Construir uma rotina diária pensada de acordo com o próprio ritmo físico e mental.

E os homens?
Apesar dos benefícios evidentes para mulheres, o estudo constatou que os homens não apresentaram as mesmas vantagens cardiovasculares com o trabalho autônomo.

Especialistas apontam possíveis motivos:

Tipo de trabalho: É mais comum que homens façam trabalhos temporários ou atividades autônomas fisicamente exigentes ou com horários irregulares, o que pode aumentar o estresse e prejudicar o sono.

Rede de apoio: Estudos anteriores mostram que redes sociais e apoio comunitário – geralmente mais presentes entre mulheres – ajudam a lidar com os desafios de profissionais autônomos ou empreendedores.

Desigualdade estrutural: Homens de grupos minorizados podem enfrentar maior instabilidade financeira e menor acesso a cuidados de saúde ao trabalharem por conta própria.

Esse recorte reforça que o empreendedorismo não é uma solução mágica e que políticas de promoção da saúde no trabalho precisam levar em conta essas diferenças estruturais e demográficas.

Se você já trabalha por conta própria ou pensa em seguir esse caminho, é possível potencializar os benefícios para a saúde com algumas atitudes conscientes:

Planeje sua estabilidade: Ter uma reserva financeira reduz o estresse em períodos de baixa.
Mexa-se regularmente: Inclua pausas ativas, mesmo que sejam caminhadas curtas.
Cuide do sono: Estabeleça limites para uso de telas e trabalho à noite.
Alimente-se bem: Aproveite a rotina em casa para cozinhar com mais qualidade.
Mantenha conexões: Evite o isolamento. Cultive redes com colegas, mentores e comunidades de apoio.

 

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