As equipes do TikTok identificaram os efeitos nocivos da plataforma sobre os usuários jovens, mas limitaram as medidas preventivas por medo de uma queda no número de usuários, de acordo com documentos internos revelados nesta sexta-feira (11) pela rádio pública do estado de Kentucky.
Os documentos foram mencionados na citação judicial emitida pelo promotor de Kentucky, juntamente com outros 12 estados dos EUA e pelo promotor de Washington D.C., acusando o TikTok de prejudicar a saúde mental de seus usuários jovens.
A Rádio Estadual de Kentucky reconstruiu as comunicações antes que um juiz estadual ordenasse que os documentos fossem removidos dos registros públicos.
Os documentos mostram que o TikTok estava ciente do poder de atração de sua plataforma e de seu algoritmo de recomendação, que oferece vídeos em cadeia.
“Precisamos estar cientes” das consequências que o algoritmo pode ter no “sono, na nutrição, na movimentação pelo quarto ou no olhar alguém nos olhos”, escreveu um executivo da empresa.
Em outro documento interno, o TikTok avaliou que um usuário pode “ficar viciado” a partir de 260 vídeos visualizados.
“O uso compulsivo (do TikTok) está ligado a uma série de efeitos negativos na saúde mental, como a perda da capacidade analítica” e também prejudica “a formação da memória, a capacidade de contextualizar, conversar e ter empatia”, concluem os investigadores da própria empresa, conforme os documentos.
O uso frequente da rede social também gera “um aumento da ansiedade”, segundo a mesma fonte.
O TikTok acrescentou uma série de funções para limitar o uso da plataforma por usuários mais jovens, como o controle parental e a interrupção após uma hora de uso.
No entanto, segundo os documentos, a filial chinesa ByteDance não tentou melhorar esta ferramenta, embora tivesse ciência da sua eficácia limitada.
“Nosso objetivo não é reduzir o tempo gasto” na plataforma, escreveu um gerente de projeto do TikTok. “É muito irresponsável que (a rádio pública) tenha publicado informações protegidas por lei”, comentou o TikTok em uma reação enviada à AFP.
Para a plataforma, os documentos foram “tirados do contexto” e citados de forma “enganosa”. A empresa destaca que implementou medidas de proteção aos menores em sua rede social.