A seca e o calor extremo estão forçando cidades do interior de São Paulo a adotar o racionamento de água, e esse não é um problema isolado. Diversas regiões do Brasil enfrentam situações similares, destacando a fragilidade da gestão hídrica no país. A repetição de crises em intervalos cada vez menores levanta questões sobre o preparo das cidades para lidar com a falta de chuvas e a crescente demanda por água. Além de São Paulo, cidades de Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro também enfrentam problemas de abastecimento. Em Belo Horizonte, por exemplo, os reservatórios estão operando com menos 30% da capacidade. Segundo a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, o cenário é crítico, com previsão de chuvas abaixo da média nos próximos meses. Alguns municípios do Paraná também estão em alerta, com o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba operando no limite e algumas regiões já adotando medidas de racionamento para conter a escassez.
No entanto, o problema não é apenas climático. Um dos maiores desafios enfrentados pelo Brasil é o desperdício de água. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 37% da água tratada no país se perde no caminho entre as estações de tratamento e as residências, devido a vazamentos e infraestrutura deficiente. Enquanto campanhas de conscientização focam no uso racional de água pela população, é fundamental que governos e empresas invistam em infraestrutura mais eficiente, como redes de distribuição modernas, tecnologias de reuso de água e captação de água da chuva. Sem uma estratégia de longo prazo, crises como a atual continuarão a se repetir, atingindo cada vez mais cidades e impactando milhões de brasileiros.