FOG NA MENOPAUSA

O sintoma silencioso que rouba sua memória, foco e energia — e como recuperar a clareza mental

A névoa mental da menopausa, conhecida popularmente como “fog” (ou “brain fog”), é um dos sintomas mais subestimados desse período de transição hormonal na vida da mulher. Embora a atenção geralmente recaia sobre ondas de calor, alterações de humor e ganho de peso, muitas pacientes relatam uma sensação de confusão mental, lapsos de memória, dificuldade de concentração e lentidão cognitiva — sintomas que, apesar de sutis no início, podem impactar significativamente a qualidade de vida e o desempenho profissional.

Do ponto de vista fisiológico, o brain fog está intimamente ligado à queda dos níveis de estrogênio, hormônio com papel essencial na regulação de neurotransmissores como serotonina, dopamina e acetilcolina — substâncias fundamentais para a memória, foco e estabilidade emocional. Além disso, o estrogênio exerce efeito neuroprotetor, melhorando a circulação cerebral e promovendo a plasticidade neuronal. Sua redução durante a menopausa, portanto, altera a comunicação entre os neurônios e favorece a sensação de “mente nebulosa”.

O fog também se relaciona com distúrbios do sono, comuns nessa fase, especialmente devido aos calores noturnos e à insônia. A privação do sono, associada à oscilação hormonal, potencializa a fadiga mental. Outro fator importante é o aumento do estresse oxidativo e da inflamação sistêmica — condições que aceleram o envelhecimento cerebral e podem ser amenizadas por hábitos saudáveis e manejo clínico adequado.

No campo da dermatologia integrativa, essa discussão é relevante porque saúde mental e saúde cutânea caminham juntas. O estresse crônico e a disfunção hormonal não afetam apenas o humor e a cognição, mas também alteram a barreira cutânea, favorecem a desidratação e aceleram o envelhecimento da pele. Por isso, o tratamento da mulher na menopausa deve ser multidisciplinar — unindo dermatologia, endocrinologia e nutrição funcional.

Estratégias terapêuticas incluem reposição hormonal personalizada, sob supervisão médica, e o uso de nutracêuticos com ação neuroprotetora e antioxidante, como ômega-3, vitamina D, magnésio, resveratrol e extratos vegetais adaptógenos (como Rhodiola e Ashwagandha). Além disso, a prática regular de atividade física, sono adequado e uma alimentação rica em frutas, vegetais, proteínas magras e gorduras boas são pilares para restaurar o equilíbrio corporal e mental.

Cuidar da névoa mental da menopausa é, portanto, mais do que restaurar a clareza cognitiva — é resgatar o bem-estar global da mulher, sua autoestima e sua vitalidade. Enxergar a paciente de forma integral, compreendendo corpo, mente e pele como sistemas interligados, é o caminho para promover um envelhecimento saudável, com lucidez, energia e beleza em todas as fases da vida.

Diogo Tadeu Alves Corrêa é médico, atua na clínica Tez na área de estética há 18 anos.

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