Vivemos na era da ansiedade. Somos uma sociedade de pessoas estressadas e nervosas. Os transtornos de ansiedade estão entre os quadros psicológicos mais debilitantes da atualidade. Milhões de pessoas, em todo o mundo, lutam diariamente para controlar medo, pavor, pânico e preocupações. Quanto mais tentam fugir da ansiedade e de seus gatilhos, mais difícil se torna a vida.
A ansiedade é parte de nossa herança biológica, e o medo é a emoção associada a esse estado. Nossos ancestrais viviam em um mundo repleto de perigos. O medo funcionava como um alarme, que os fazia fugir e buscar segurança. Os instintos de sobrevivência entravam em ação. Foi assim que a mente humana evoluiu.
Sintomas, reações e estratégias de enfrentamento
O medo está no centro dos estados de ansiedade. É uma emoção que sinaliza perigo, real ou imaginado, e produz alterações fisiológicas importantes:
- Percepção do estímulo ameaçador pelo sistema nervoso central.
- Ativação do sistema nervoso simpático, preparando o corpo para lutar, fugir ou paralisar.
- Liberação de cortisol e adrenalina pelas glândulas suprarrenais.
- Reação do indivíduo (luta, fuga ou paralisia).
- Retorno ao estado de repouso com ativação do sistema parassimpático.
Esse circuito é essencial para a sobrevivência, mas, quando o medo é desproporcional à realidade, ele se torna disfuncional, permanente e improdutivo. Crises de ansiedade passam a ser disparadas com frequência.
A ansiedade clínica costuma ser mais intensa, persistente e interfere na vida cotidiana. O indivíduo tende a maximizar riscos e minimizar sua capacidade de enfrentamento. Os sintomas variam:
- Sintomas físicos: taquicardia, falta de ar, náuseas, tremores, formigamento, sudorese, tensão muscular, entre outros.
- Sintomas cognitivos: medo de perder o controle, pensamentos catastróficos, dificuldade de concentração, percepção de irrealidade.
- Sintomas emocionais: nervosismo, irritabilidade, pavor, impaciência.
- Sintomas comportamentais: fuga, esquiva, hipervigilância, dificuldade para falar.
Diante de uma crise, algumas estratégias podem ajudar:
- Conscientização: pergunte-se o que está sentindo, quais pensamentos e sensações físicas estão presentes. Lembre-se de que pensamentos não são fatos.
- Respiração diafragmática: respire de forma lenta e profunda, expandindo o abdome ao inspirar e recolhendo-o ao expirar.
- Atenção plena ao momento presente: observe o ambiente ao seu redor e o fluxo dos pensamentos sem se prender a eles.
- Consciência sensorial: ative os sentidos. Observe cores, sabores, cheiros, sons e texturas.
- Relaxamento muscular progressivo: contraia e relaxe grupos musculares da cabeça aos pés, percebendo a diferença entre tensão e relaxamento.
- Mindfulness: pratique a atenção plena de forma formal (meditação guiada) ou informal (durante atividades cotidianas). Estudos mostram seus benefícios na regulação emocional.