O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participou nesta quarta-feira (17) da cerimônia de inauguração da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo), principal evento cultural da Colômbia, onde foi recebido por Gustavo Petro, presidente colombiano. A 36ª edição da FILBo vai até o dia 2 de maio e celebra o centenário do romance “La Vorágine”, do escritor José Eustasio Rivera. Segundo Lula, o tema desta edição, “Ler a Natureza”, “expõe a insensatez da dicotomia ocidental entre o mundo dos homens e o mundo da natureza, que está nos conduzindo a uma catástrofe climática”.
Com uma delegação de 29 escritores e quadrinistas, o Brasil lançou um pavilhão para expor a literatura nacional num espaço com cerca de 3 mil metros quadrados com curadoria da poeta Stephany Borges. O destaque da programação brasileira é o autor Ailton Krenak, primeiro indígena a assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Na lista, também estão Luciany Aparecida, Marcelino Freire, Daiara Tukano, João Carrascoza, Daniel Munduruku, Marcello Quintanilha, entre outros. O músico e instrumentista Hermeto Pascoal vai se apresentar no encerramento da feira. A comitiva incluiu, ainda, Fernando Morais, autor da biografia do presidente Lula.
Durante a cerimônia, Lula exaltou a literatura nacional e o poder da leitura. “Na literatura que emerge hoje no Brasil, aqueles que sempre foram marginalizados assumem o protagonismo para narrar suas experiências em primeira pessoa”, disse Lula. “Ler é ser livre, mesmo quando fisicamente tentam nos isolar e prender, pois a luta por um país mais justo, uma vida digna e uma América Latina unida persiste apesar daqueles que buscam obstar o progresso da nossa região. Precisamos de mais livros e menos armas. Mais conhecimento, educação, ciência e inovação”, afirmou o presidente.Lula afirmou, ainda, que todos os conjuntos habitacionais construídos no país deverão obrigatoriamente incluir uma biblioteca.
O governo brasileiro prometeu apresentações de samba e capoeira, exibição de filmes e comidas típicas no pavilhão nacional. O Brasil é homenageado no evento e convidado de honra pela terceira vez, assim como em 1995 e 2012. E, por isso, Lula quer retribuir o gesto de Petro, homenageando a Colômbia na próxima edição da Bienal do Livro, que ocorre em setembro, em São Paulo.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, ficará no país para uma série de compromissos nos próximos dias, na capital colombiana, e em Medellín. Ela se reuniu com o ministro da Cultura da Colômbia, Juan David Correa, e visitará bibliotecas, parques e institutos culturais. A ministra afirmou que a feira contempla escritores do campo e da cidade, de diferentes etnias, sendo também uma forma de promover negócios editoriais. Os governos assinaram acordos no setor, entre as bibliotecas nacionais brasileira e colombiana.
Segundo a ministra, também há um acordo para tradução de obras brasileiras para o espanhol na Colômbia, em iniciativa similar ao que ocorre em países como Cuba, Argentina e México. “Queremos expandir para outras línguas a nova literatura, para potencializar a cultura brasileira”, disse Margareth Menezes.
O governo brasileiro pretende levar à feira, ainda, editores, livreiros, mediadores e promotores de leitura para atividades e rodada de negócios. A organização desta edição espera um público de cerca de 600 mil visitantes nacionais e internacionais.