Pescadores, pantaneiros, comitês populares de rios de Mato Grosso, estudantes e organizações não governamentais vão debater as ameaças e impactos ao rio Paraguai e Pantanal durante ato público, na próxima terça-feira, (22.03), em Cáceres, no Dia Mundial da Água.
Os impactos já são identificados em diversas comunidades rurais e nas cidades banhadas pelo rio Paraguai, seja pela seca que se intensifica a cada ano, queimadas e incêndios, ou por conta da contaminação das águas por agrotóxicos, a exemplo do rio Facão, localizado na área rural de Cáceres.
Entre as atividades programadas, está um ato político na Câmara Municipal de Cáceres. Dentre os impactos que serão debatidos na Casa de Leis, está a licença prévia para o Porto de Barranco Vermelho, autorizada pelo Conselho de Meio Ambiente de Mato Grosso (Consema) em janeiro, apesar do processo conter mais de cem irregularidades.
Para Herman Oliveira, secretário executivo do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), “todos os projetos que passam pelos órgãos de licenciamento (Sema e Ibama) devem ser analisados em seu conjunto, dimensionando seus impactos sinérgicos e cumulativos. É inviável analisar os empreendimentos única e exclusivamente pelo impacto imediato”.
“Em relação ao Pantanal, é urgente a suspensão de todos os licenciamentos e atividades predatórias como mineração, hidrelétricas, principalmente, seguidas da recuperação de matas ciliares e nascentes para que os rios voltem a ficar minimamente dentro dos parâmetros sustentáveis”, reitera Herman.
Para Isidoro Salomão, da Sociedade Fé e Vida e do Comitê Popular do Rio Paraguai, “é preciso mudar o comportamento em relação à natureza. Em Cáceres, nós temos a Escola de Militância Pantaneira, um espaço de luta e aprendizado para preservar os biomas. Além disso, é urgente produzir alimentos por meio da agroecologia e lutar contra as ameaças, como a hidrovia”.
“Os rios são mantenedores da vida e para que eles desempenhem suas funções é preciso pensar em políticas públicas para que as pessoas possam usufruir das águas nas suas variadas utilidades. No Pantanal, os rios são as veias que alimentam a biodiversidade e trazem a cultura, as conexões entre povos e comunidades tradicionais”, afirma Cláudia de Pinho, representante da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneira.
ATO EM DEFESA – A programação do ato terá início às 10h30, de (22.03), terça-feira, no Cais da Praça Barão do Rio Branco, no Centro de Cáceres, com apresentação de uma mística em defesa das águas. Às 13h30, o evento será conduzido na Câmara Municipal de Cáceres com participação de parlamentares e dos movimentos sociais. O ato será finalizado na comunidade Facão, às 15h, conhecida por sua cachoeira, com mística do Comitê Popular das Águas do Facão. O evento é uma atividade do Fórum Mundial Alternativo da Água (Fama) (https://www.fame2022.org/en/) que será realizado em Dacar, no Senegal, entre 22 e 25 de março.
Para o diretor geral da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat-Ssind), Reginaldo Araújo: “há um movimento muito forte de ataque, e em resposta a isso nós temos que fortalecer os movimentos ambientalistas, para fazer a defesa daquilo que o Brasil deu conta de manter preservado até hoje. É esse o nosso esforço para construir essa atividade do Dia Mundial das Águas”.
O evento será transmitido pelo Facebook (https://www.facebook.com/adufmat/) da Adufmat.