O dólar recuou 2,28% nessa quinta-feira (19), encerrando o dia cotado a R$ 6,12, após alcançar o recorde de R$ 6,30 pela manhã. A queda foi impulsionada por dois leilões realizados pelo Banco Central (BC), que totalizaram a venda de US$ 8 bilhões em um único dia, a maior intervenção do tipo desde 1999, quando o regime de câmbio flutuante foi adotado no Brasil. Os leilões, realizados para aumentar a oferta de dólares no mercado e conter a desvalorização do real, ocorreram em dois momentos: o primeiro vendeu US$ 3 bilhões, mas foi insuficiente para reduzir a cotação da moeda norte-americana. O segundo, no valor de US$ 5 bilhões, conseguiu reverter o cenário, levando o dólar abaixo de R$ 6,20 ao meio-dia.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, justificou a intervenção citando “operações atípicas” e uma saída extraordinária de recursos do país, com destaque para o pagamento de dividendos acima da média e um fluxo financeiro negativo em 2023. Gabriel Galípolo, futuro presidente da instituição, descartou a existência de um ataque especulativo coordenado contra o real, argumentando que o mercado opera de forma descentralizada. Além do câmbio, o mercado financeiro acompanhou a aprovação em primeiro turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que integra o pacote fiscal do governo. Apesar do avanço, o texto sofreu desidratações, como a exclusão de medidas mais rígidas para eliminar brechas que permitem supersalários no setor público.
Especialistas avaliam que, embora o pacote seja um passo importante, não é suficiente para resolver o desequilíbrio fiscal do país. O cenário internacional também influenciou o comportamento do dólar. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, que agora varia entre 4,25% e 4,50%. A decisão foi acompanhada por projeções mais cautelosas sobre a inflação em 2024, o que fortaleceu a moeda americana globalmente. Com os olhos voltados para o impacto das intervenções do BC e os desdobramentos do pacote fiscal no Congresso, investidores aguardam novos passos do governo para reverter o cenário de desconfiança e estabilizar a economia.