Uma pesquisa do Ipec, feita a pedido do Instituto Pólis, revelou que a conta de luz é uma das maiores despesas das famílias brasileiras. Esse impacto é ainda mais significativo entre as famílias de baixa renda. De acordo com o levantamento, 25% das pessoas pertencentes à classe D e E relataram que precisaram deixar de comprar alimentos para conseguir pagar a conta de luz. Além disso, 49% dos entrevistados afirmaram que a alimentação e a conta de energia são os itens que mais pesam no orçamento familiar. A pesquisa também mostrou que 36% das pessoas gastam metade ou mais da sua renda mensal para pagar luz e gás. O estudo também revelou que 84% dos entrevistados acreditam que a energia elétrica deveria ser um direito fundamental garantido pelo Estado, sem cortes no fornecimento por falta de pagamento. Atualmente, o programa Tarifa Social oferece descontos na conta de energia para famílias de baixa renda, mas é necessário atender a alguns critérios, como estar inscrito no Cadastro Único e ter uma renda familiar mensal de até meio salário mínimo por pessoa. No entanto, Maria Gabriela Feitosa, urbanista e pesquisadora do Instituto Pólis, considera essa medida insuficiente.
Segundo ela, para obter o desconto máximo de 65%, o consumo deve ser de apenas 30 kW, o que não é suficiente para suprir as necessidades básicas de uma família. Um projeto de lei para essas alterações já foi protocolado no Congresso. Com a aproximação do período de estiagem e as chuvas abaixo do esperado durante o verão, a situação se torna ainda mais preocupante. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que, a partir de julho, vigorará a bandeira amarela, o que elevará a conta de energia. Essa medida adiciona mais um desafio para as famílias brasileiras, especialmente as de baixa renda, que já enfrentam dificuldades para equilibrar suas finanças.