Após conquistar o Nobel de Literatura em 2024, a escritora sul-coreana Han Kang não apenas consagrou seu nome internacionalmente, como também viu as vendas de suas obras dispararem, segundo portais locais. O romance “We Do Not Part” teve um salto de 9.000 vezes nas vendas em comparação ao dia anterior ao anúncio. Outros títulos da autora acompanharam o boom: “Atos Humanos” vendeu 2.200 vezes mais, e “A Vegetariana” registrou um crescimento de 1.900 vezes nas vendas no país.
Do ponto de vista financeiro e simbólico, o Prêmio Nobel tem um impacto incomparável. Além da medalha de ouro e do diploma, os vencedores recebem um prêmio em dinheiro, que no último ano foi de 11 milhões de coroas suecas (ou R$ 6,6 milhões). No campo da Literatura, esse é o reconhecimento máximo para o conjunto da obra de um autor .
Para as mulheres, porém, esse caminho tem sido historicamente mais difícil. Ao longo da história de mais de 120 anos do Prêmio Nobel, apenas 65 mulheres foram laureadas, frente a 908 homens. Especificamente na Literatura, entre as 121 pessoas premiadas, apenas 18 são mulheres — o equivalente a menos de 15% do total. Nesse contexto, a conquista de Han Kang rompeu mais uma barreira: ela se tornou a primeira mulher asiática a receber o Nobel de Literatura.
1909: Selma Lagerlöf (Suécia)
Primeira mulher a vencer o Nobel de Literatura, ela foi premiada “em apreciação pelo idealismo sublime, imaginação vívida e percepção espiritual que caracterizam seus escritos”. Também foi pioneira em outras frentes: tornou-se a primeira mulher a integrar a Academia Sueca, em 1914, e a primeira a receber o título de Doutora Honoris Causa por uma universidade sueca.
1966: Nelly Sachs (Alemanha)
A poeta e dramaturga alemã se tornou porta-voz da dor e dos anseios dos judeus durante e após o Holocausto ao ser laureada com o Nobel em 1966 junto com o escritor israelense Shmuel Yosef Agnon.
1945: Gabriela Mistral (Chile)
A América Latina ganhou seu primeiro Nobel de Literatura com a poesia lírica de Gabriela Mistral. Entre os temas centrais de sua obra estão o amor, a maternidade, a terra, a morte, a mestiçagem e a cultura indígena.
1991: Nadine Gordimer (África do Sul)
A segregação racial e os dilemas morais que dela derivam estão no centro de sua obra. Autora de mais de 30 livros, retrata com profundidade a degradação social vivida na África do Sul e os conflitos éticos enfrentados por uma sociedade dividida pelo apartheid.
1993: Toni Morrison (Estados Unidos)
Também vencedora do Prêmio Pulitzer, a escritora abordou questões de raça, gênero e beleza em suas obras, que se apresentam como retratos profundos que vão além da sociedade americana e refletem dilemas sociais mundiais.
2015: Svetlana Aleksiévitch (Bielorrússia)
A autora bielorrussa encontrou na “história das emoções” – narrativas polifônicas e profundas escritas no formato de entrevista – uma maneira de retratar o que parecia inenarrável: a guerra, a fome, a desigualdade e a destruição física e mental de populações inteiras. Suas obras mais conhecidas são “A Guerra Não Tem Rosto De Mulher” e “O Fim Do Homem”.
2022: Annie Ernaux (França)
A autora francesa é o maior expoente contemporâneo da chamada autossociobiografia: histórias reais, contadas por ela mesma, mas trazendo reflexões sobre o contexto social e histórico em que estão inseridas. “O verdadeiro objetivo da minha vida talvez seja apenas este: que meu corpo, minhas sensações e meus pensamentos se tornem escrita, isto é, o inteligível e geral, e minha existência, completamente dissolvida na cabeça e na vida dos outros”, escreveu Ernaux em seu livro “O Acontecimento”.