ATRASO NA FALA INFANTIL

Como identificar e quando buscar ajuda profissional

Cute three year old boy portrait, toddler covering his mouth with both hands.

O atraso na fala infantil atinge cerca de 12% das crianças brasileiras, gerando preocupação entre pais e responsáveis. Embora cada criança tenha seu próprio ritmo, sinais como ausência de palavras aos dois anos ou dificuldade em formar frases após os três podem indicar a necessidade de ajuda médica. A intervenção precoce é fundamental para garantir o desenvolvimento adequado da linguagem e comunicação. Fonoaudiólogos são os profissionais indicados para diagnóstico e tratamento. Observar os sinais e buscar orientação rapidamente faz toda a diferença no progresso da fala. O fonoaudiólogo especialista no tratamento da fala e oratória, Simon Wajntraub, responde as principais dúvidas a cerca do tema.

1 – Quais são os sinais mais comuns que indicam atraso na fala em crianças?

O principal sinal de atraso na fala é quando a criança, por volta de 1 ano e meio a 2 anos, ainda não começou a falar ou se comunica muito pouco. Na maioria dos casos que atendo, a causa não é orgânica ou neurológica, mas sim relacionada ao ambiente em que a criança está sendo criada. Além disso, o uso excessivo de telas e a falta de interação com outras crianças. É muito raro ser um problema neurológico, como no caso do autismo, a maioria dos atrasos que vejo está ligada à falta de estímulo adequado em casa.

2 – Quando procurar ajuda médica?

O ideal é procurar ajuda profissional assim que os pais perceberem que a criança está demorando para falar. O esperado é que, até 1 ano e meio, ela já esteja começando a dizer palavras simples como “mamãe” e “papai”. Se isso não acontece, é importante investigar. Hoje em dia, há uma tendência de rotular muitas crianças como autistas sem o devido diagnóstico, e isso me preocupa bastante. Criações com excesso de repressão ou de mimo podem prejudicar o desenvolvimento. A criança que vive com medo dos pais, ou que é excessivamente protegida, tende a ter menos iniciativa para se comunicar.

3 – Qual a importância do diagnóstico precoce para o desenvolvimento da comunicação infantil?

O diagnóstico precoce é fundamental para o desenvolvimento da fala da criança. Já atendi casos em que a criança chegou aos cinco anos sem falar, simplesmente por falta de estímulo em casa. Quando a criança é constantemente incentivada com músicas, histórias e conversas diárias, o desenvolvimento da linguagem ocorre de forma mais rápida e natural. Muitos pais acreditam que manter a criança em casa até os cinco ou seis anos é o ideal, mas a convivência escolar desde o maternal ou jardim de infância é extremamente benéfica. O ambiente familiar precisa ser comunicativo: se os pais não falam ou vivem isolados em telas, a criança tende a repetir esse padrão. Estimular a fala começa dentro de casa, com interação e afeto.

4 – Quais técnicas ou terapias são mais indicadas para tratar o atraso na fala?

No tratamento do atraso na fala, utilizo várias técnicas que têm como base o estímulo contínuo e personalizado da linguagem. Um dos métodos que aplico é a criação de gravações personalizadas, onde narro a rotina da própria criança, como acordar, tomar café, ir à escola, e peço que ela repita frases simples.

Além disso, oriento os pais a tomarem atitudes práticas: evitar deixar a criança apenas em casa com cuidadores que não oferecem estímulo verbal e, se possível, matriculá-la em creches ou escolas que promovam a socialização e o uso ativo da linguagem.  O uso de recursos audiovisuais transforma o aprendizado em algo divertido e eficaz, e as crianças respondem muito bem a isso.

 

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