ESPECIALISTA EXPLICA

Como a inadimplência afeta a saúde mental das famílias brasileiras

Atualmente há uma queda nos índices de desemprego, mas apesar disso o número de famílias brasileiras inadimplentes continua alto, gerando impactos além do bolso. A pressão de dívidas não pagas, cobranças e a sensação de fracasso financeiro afetam diretamente a saúde mental. Ansiedade, depressão e estresse são cada vez mais comuns em que instabilidade econômica.

Falar sobre a saúde financeira também é importante, o sofrimento emocional causado muitas vezes é silencioso e negligenciado. Para entender mais afundo essas questões o professor da Associação Brasileira de Psicanálise Clínica, Artur Costa, trás o seu olhar profissional para o assunto.

O especialista explica que esses sentimentos, como culpa e vergonha atingem o intimo de cada um, fazendo com que muitos sintam que falharam diante de suas expectativas.

“A culpa surge quando o indivíduo percebe que falhou em corresponder às próprias expectativas ou às exigências sociais de ser um bom provedor ou de manter organização financeira. Já a vergonha tem uma dimensão relacional, relacionada ao medo de ser exposto, julgado ou desqualificado perante os outros. Esses sentimentos ativam mecanismos inconscientes de comparação, medo de exclusão e até de perda de valor pessoal, como se não ter dinheiro fosse equivalente a não ter identidade ou dignidade”, diz Artur.

E a culpa pode levar a levar a situações mais graves, desencadeando transtornos psíquicos, a instabilidade pode gerar estresse crônico, comprometendo os sistemas mentais e desiquilibrando o emocional.

“Mesmo pessoas sem histórico de transtornos podem desenvolver sintomas ao viver sob ameaça constante, seja de perder a casa, não conseguir sustentar a família ou lidar com cobranças agressivas. Esse estado de alerta permanente ativa os sistemas de defesa psíquico e fisiológico, gerando ansiedade, insônia, irritabilidade e, em muitos casos, depressão”, explica o professor.

E a psicanalise, um tipo de abordagem terapêutica, pode ajudar essas pessoas a colocarem as coisas em ordem e aprender a lidar melhor com o fator econômico.

“A psicanálise não elimina a dívida, mas pode transformar a forma como o sujeito lida com ela. O processo analítico oferece um espaço seguro para que a pessoa nomeie seus medos, elabore a culpa e reconheça as fantasias inconscientes que ampliam o sofrimento. Muitas vezes, a vergonha paralisa mais do que a própria dívida, levando ao isolamento. Ao abrir espaço para a palavra, a psicanálise ajuda o indivíduo a ressignificar sua relação com o dinheiro”, finaliza Artur Costa.

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