Chegou ao fim a era Cássio no Corinthians. Um dos maiores ídolos da história do clube — o maior para uma grande parcela da torcida — deixou o Timão após 12 anos e seis meses em preto e branco. Contratado discretamente no final de 2011, o goleiro assumiu a meta corintiana durante a Libertadores do ano seguinte e foi um dos heróis da inédita conquista. No final de 2012, brilhou na vitória sobre o Chelsea, na final do Mundial de Clubes — foi, inclusive, eleito o melhor jogador do torneio. Cássio deixa o Parque São Jorge como recordista de títulos no Corinthians, com um Mundial, uma Libertadores, dois Brasileiros, quatro Paulistas e uma Recopa Sul-Americana. Além disso, é o segundo jogador com mais partidas com a camisa alvinegra. Foram 712, 94 a menos que o ex-lateral-esquerdo Wladimir.
Cássio estreou pelo Timão em 28 de março de 2012, na vitória sobre o XV de Piracicaba por 1 a 0. Contratado do PSV, da Holanda, ficou no banco de Júlio César no começo de sua trajetória, mas ganhou uma chance após o prata da casa falhar e causar a eliminação corintiana nas quartas de final do Paulistão daquele ano, contra a Ponte Preta. Contra o Emelec, nas oitavas de final da Libertadores, ainda com o número 24 às costas, o eterno camisa 12 assumiu a posição e não a largou mais. Foi decisivo contra o Vasco, nas quartas, fazendo uma emblemática defesa cara a cara com Diego Souza. Nas semifinais, diante do Santos de Neymar, teve atuação formidável. E foi seguro contra o Boca Juniors, na decisão, ajudando o Alvinegro a conquistar a Libertadores pela primeira vez. Mas a atuação da vida de Cássio ficou para o final do ano. Em 16 de dezembro, ele parou o Chelsea e foi o nome do segundo mundial do Corinthians.
À medida que somava jogos e títulos em preto e branco, o Gigante começou a se identificar cada vez mais com a Fiel. Torcedores mirins vão à Neo Química Arena trajados como o camisa 12. A camisa do goleiro do Corinthians é vista com facilidade nas arquibancadas. Seu nome é um dos mais gritados no estádio. Um grito ouvido pela última vez no jogo contra o Argentinos Juniors, na última terça-feira (14), quando a saída parecia iminente. Hoje, o presidente do clube, Augusto Melo, confirmou: Cássio vai mesmo para o Cruzeiro. “Vai ser bom para os dois lados”, declarou o dirigente. Ele não deu detalhes da rescisão contratual.
O goleiro vinha sendo cobrado desde o ano passado por algumas falhas. Parte da torcida pressionava pela entrada de Carlos Miguel, o que de fato aconteceu neste ano. Há uma ala da Fiel que não engoliu até hoje uma frase dita por Cássio em 2020: “Eu não preciso provar mais nada para ninguém”. Com o Corinthians em seu maior jejum desde os 23 anos de fila e a luta contra o rebaixamento em 2023, a pressão aumentou sobre os veteranos, o que culminou com as saídas de Giuliano, Gil e Renato Augusto no fim do ano passado. O Gigante sentiu o baque e desabafou após a derrota para o Argentinos Juniors, em Buenos Aires, no dia 23 de abril. “Às vezes é difícil, tem a questão do ser humano, eu erro, não me eximo de erro, falo mesmo. O treinador é quem decide, o presidente é quem decide. Se eu estiver atrapalhando o Corinthians, se não estiver agradando. Para mim, está muito difícil também. Tudo de errado que acontece no Corinthians sobra para mim. O time leva gol e a culpa é do Cássio. Toma um gol de pênalti e a culpa é do Cássio. Estou indo até em psicólogo, psiquiatra, está f***. Difícil, tenho apanhado que nem um cachorro”, declarou o ídolo, em um prenúncio do que aconteceria. Esse jogo ficará marcado agora como o último de Cássio com a camisa do Timão.
FONTE: Jovem Pan.