A cerca de um ano o governador passou a incorporar em seu discurso a “frouxidão das leis” e, nas entrevistas, principalmente de veículos de alcance nacional, passou a responder sobre o assunto, mesmo que ninguém lhe perguntasse.
Enquanto Mauro falava, as facções de dentro dos presídios, com o uso ilegal de smartphones, continuavam com seus escritórios em pleno funcionamento.
Quando vazou a ordem de tortura e execução de duas irmãs em Porto Esperidião, onde tudo foi acompanhado por videochamada de dentro da PCE, as coisas começaram a mudar e o governador foi confrontado com a deficiência de seu governo, com frouxidão na fiscalização interna dos presídios do estado.
De lá para cá operações e mais operações retiram semanalmente centenas de chips, celulares e drogas dos presídios, sem que o problema seja eliminado de vez.
Com tantas operações e divulgação das ações acabou por tropeçar em mercados que funcionam dentro dos presídios.
Mais uma pauta, mais uma batalha.
Mais uma vez o governo aponta o dedo para uma “frouxidão” e acaba encontrando sua própria deficiência na gestão e tutela de presos.
Decreto editado, proibição de mercadinhos em 90 dias.
Tudo certo, não fosse o presidente do Grupo de Monitoramento do Sistema Carcerário e Socioeducativo de Mato Grosso, desembargador Orlando Perri, apontar uma série de descumprimentos e deterioração das obrigações do estado com os presos, com registro de falta de comida, alimentação em intervalo superior a 15 horas, denúncia de tortura e coisas simples, como falta de material de higiene, onde 8 presos dividem uma escova de dentes, entre outras falhas.
Perri prometeu levar farta documentação para os deputados e, juntamente com outros juízes, já adiantou que não será respeitado o decreto do governo que determina o fechamento dos mercadinhos, autorizando seu funcionamento até que o governo cumpra sua parte.
A decisão do juiz Geraldo Fidelis de que o estado forneça alimentação especial para um preso que fez bariátrica pode ser considerada um sinal da disposição de levar adiante a contenda.
O governo respondeu a decisão, divulgando o cardápio a ser mantido para o preso, com salame, frutas secas, geleia, torradas e Gatorade.
Será que não dá para resolver em um chá da tarde, fora do presídio?