ESSE MAR É MEU

O prefeito atirou a primeira pedra

Em 1.970 o governo militar brasileiro, aproveitando-se do vácuo de legislação no Direito Internacional que determinasse os limites do mar territorial, resolveu decretar que uma faixa de 200 milhas náuticas pertencia ao território brasileiro.

A retórica nacionalista contou até com um samba de João Nogueira, que viria a ser pai de Diogo Nogueira, musico contemporâneo. A música chama-se “Das 200 Pra Lá”, mas por conta do refrão ficou conhecida como “Esse Mar é Meu”. Deu certo, a população apoiou, mesmo nenhum país respeitando tal limite. Em 1.980 em acordo internacional ficou fixada a distância de 12 milhas náuticas para todos.

A descoberta de ouro que propiciou a fundação de Cuiabá, trouxe com ela a profissão do sexo.

De bares efervescentes com quartos reservados a intimidade de quem podia pagar até a decadência de muquifos com senhoras surradas pela vida, a prostituição resistiu no centro velho e no porto até a semana passada, quando o prefeito resolveu fechar esses estabelecimentos.

Não houve resistência. Algum ruido só em Várzea Grande, no temor pelo mesmo procedimento no Zero Quilômetro.

Ocorre que Cuiabá sempre contou com casas de prostituição de luxo como o velho Bataclan, na Fernando Correa e outras mais até se chegar a Boate Crystal em pleno funcionamento.

Aproveitando de um vácuo na legislação, que tem a prostituição em lei, desde 2002, reconhecida pelo Ministério do Trabalho, desde que praticada por adultos, mas que nunca foi regulamentada, sobrando para os municípios legislarem sobre o tema na forma do exercício da profissão, o prefeito Abilio Brunini quer fechar a Boate, mandando para a Câmara proposta de proibição em perímetro urbano de tal atividade.

Nem as senhoras do porto foram para a fila do Sine e a noite para a igreja e nem esses são os únicos pontos de prostituição em uma cidade de 700 mil habitantes.

Mas essa não é intenção. O objetivo é fortalecer o voto religioso, base da história política do alcaide.

E assim o prefeito “atirou primeira pedra” e inaugurou as suas “duzentas milhas”.

Madalena!

ET.: O texto não tem a intenção de defender parentes, nem do autor nem de autoridades.

 

*Imagem colhida da internet.

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