O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

O dólar irá continuar subindo?

Cédulas de dólar — Foto: Pexels

Mesmo com um pequeno alívio na última sexta-feira (2), quando recuou para perto de R$ 5,70, o dólar surpreende pela volatilidade neste início de agosto. A moeda norte-americana chegou aos maiores níveis desde dezembro de 2021, e promete tempos turbulentos.

A justificativa está fortemente ligada à incerteza no cenário à frente, diz Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos. “Os fundamentos macroeconômicos indicam que os juros dos Estados Unidos reduzidos. E os resultados do payroll de julho, que vieram muito abaixo do esperado, reforçam a tese de que o corte poderá ser mais intenso do que o esperado anteriormente.”

Segundo Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, há um movimento mais claro de perda de força da moeda norte-americana em relação a outras moedas de referência, como o euro e iene.

No Brasil, a manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano e o crescimento do PIB melhor do que o esperado sugeririam, em condições normais, um dólar menos valorizado em relação ao real. No entanto, o que está direcionando o mercado é o estresse com a incerteza futura, especialmente em relação ao equilíbrio das contas públicas, observa Cozzolino.

A queda nos preços das commodities, das quais o Brasil é um dos maiores exportadores, também contribui para a valorização do dólar. E fatores internacionais influenciam esse cenário. “Estamos presenciando no mercado o desmonte de posições no iene devido à mudança na política monetária do Japão e à saída de divisas do Brasil”, aponta Laatus.

A combinação desses fatores cria o que André Colares, CEO da Smart House Investments, chama de “tempestade perfeita”. Segundo ele, a incerteza provocada pela perspectiva de uma troca de orientação no Banco Central brasileiro a partir de 2025 – com o fim do mandato de Roberto Campos Neto em dezembro deste ano – é apenas mais um componente para a volatilidade.

 

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