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Médico se apropria de parte da Amazônia e fatura R$ 800 milhões

Ricardo Stoppe Júnior é um dos maiores grileiros do país há pelo menos 20 anos e teve o apoio de órgãos governamentais para fraudar documentações, segundo a PF
'Rei do crédito de carbono' participou de suposta negociação de propina

Um médico de Araçatuba, no interior de São Paulo, faturou R$ 800 milhões ao se tornar “dono” de uma parte da Floresta Amazônica . As informações são do Fantástico, programa da TV Globo.

Segundo as investigações, Ricardo Stoppe Júnior é um dos maiores grileiros das  terras no Norte do Brasil há pelo menos 20 anos, e lucrou R$ 180 milhões com projetos de créditos de carbono e mais R$ 600 milhões com extração ilegal de madeira.

Para isso, conforme a Polícia Federal (PF), ele armou um esquema de fraudes de documento que o tornou proprietário de mais de 500 mil hectares da Amazônia que, na verdade, pertencem à União. No entanto, ao mudar a propriedade por meio de “papel passado” ele e os sócios conseguiram alterar os documentos oficiais.

“Houve fraude. Uma mesma pessoa forjou essas duas folhas e inseriu de forma fraudulenta nos livros”, afirma João Pedro Alves Batista, perito criminal da Polícia Federal, em entrevista ao Fantástico.

A PF analisou dois livros de registros de imóveis rurais centenários e comprovou que o esquema do médico montava processos criminosos de apropriação de terras, inserindo folhas falsas no livro de registros.

A documentação aparentava estar conforme a legislação porque Ricardo recompensava com propina os funcionários dos cartórios da região e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo a PF, Ricardo não é dono legítimo de algum pedaço de terra da Amazônia. “São todas terras da União. É uma grilagem que começou em torno de 2004”, afirmou o agente da Polícia Federal Wilker Goular ao Fantástico.

A PF afirma que o grupo forjou uma negociação de compra de terras de uma família que era dona de um casarão que foi sede do governo do Amazonas e foi muito poderosa no passado.

A falta de transparência nos processos de regularização de terras e a participação dos órgãos oficiais nas fraudes dificultaram as investigações.

Prisão e acusações

Ricardo foi preso em junho deste ano, mas a PF continua as operações de busca e apreensão contra ele e os sócios. Ao todo, são ao menos 50 integrantes do esquema criminoso.

Os chefes do grupo, como Ricardo Stoppe Júnior e seus sócios, serão indiciados por desmatamento, corrupção de servidores públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

“A gente já pediu bloqueio e bloqueamos todas as matrículas fraudadas dessa organização criminosa e vamos pedir a restituição desse patrimônio para a União”, diz o delegado do caso ao Fantástico.

O que dizem as defesas

Os advogados de Ricardo Stoppe Júnior afirmam que o médico é absolutamente inocente, que perícias técnicas e contábeis vão esclarecer todas as acusações e que sua prisão é desnecessária, já que ele é réu primário, sem antecedentes criminais, segundo nota enviada ao Fantástico.

O Incra declarou, em nota, apoio total à Justiça, que passou a encaminhar os títulos de terra duvidosos para análise de órgãos, como o Ministério Público Federal e a Polícia Federal, e que está investigando a conduta dos servidores envolvidos.

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