Vivemos um momento que estamos terceirizando nosso pensamento e nossas decisões.
O eleitor deixa os políticos decidirem quem serão os seus inimigos, após lhe convencerem que ele precisa de alguns, mesmo que sejam seus parentes.
Basta a interpretação parcial de um fato pondo um alvo na testa de alguém e pronto, dividendos políticos jorram feito água na prainha em dia de chuva.
O Vereador Dilemário Alencar, derrotado quando decidiu trocar a Câmara Municipal pela Assembleia Legislativa, deu uma lição de como se manobra quem terceiriza o pensamento.
Ele propôs uma moção de repudio aos 13 deputados que, em votação secreta, derrubaram o veto do governador a lei que permitia os mercadinhos em presídios no estado. O único deputado que revelou seu voto foi Lúdio Cabral e acabou se sentando à cabeceira da mesa.
Mas, e a lei? Sim, a lei que foi criada pela Assembleia Legislativa e votada por unanimidade permitindo o retorno dos mercadinhos?
Onde estava a indignação a quem favorece bandido? Alguém lembra de uma palavrinha cochichada pelo vereador quando essa lei foi aprovada?
O governador Mauro Mendes puxou a fila ao dizer que a população deveria saber quais foram os 13 deputados que votaram pela derrubada do seu veto, ignorando que a lei foi aprovada por unanimidade. Prometeu judicializar a questão e desistiu, o que pode ser interpretado como anuência a lei.
Com isso, Mauro abriu a porteira para a senadora Margareth Buzetti postar vídeo revoltada com os 13. Mas também não disse nada contra os 24 que aprovaram a lei.
Na carona da moção de repudio de Dilemário, toda a direita da Câmara se alvoroçou em apoiar, enquanto que a direita de dentro da Assembleia, puxou o chapéu sobre os olhos na intenção de não ser notada ou citada.
E assim 1 paga por 13, que pagam por 24.
Em pescaria se diz: engoliram com chumbada e tudo.