Em prisão preventiva na Penitenciária Central do Estado (PCE), Carlos Alberto Gomes Bezerra, conhecido como “Carlinhos Bezerra”, permanece sem previsão de enfrentar o Tribunal do Júri pelo assassinato de sua ex-companheira, Thays Machado, e do namorado dela, Willian Cesar Moreno. O crime ocorreu há dois anos, no dia 18 de janeiro de 2023, em frente ao edifício Solar Monet, em Cuiabá.
Movido por ciúmes e por não aceitar o fim do relacionamento, Carlinhos, filho do ex-deputado federal e ex-governador de Mato Grosso, Carlos Bezerra, disparou contra o casal de dentro de seu carro. Thays foi atingida por três tiros, enquanto Willian recebeu dois disparos. Antes do duplo homicídio, Thays já havia registrado boletins de ocorrência relatando ameaças, incluindo uma feita verbalmente no Aeroporto Marechal Rondon.
Desde sua prisão em flagrante, Carlinhos tentou diversos recursos para evitar ser levado a julgamento por feminicídio, crime motivado pelo fato de a vítima ser mulher, frequentemente associado a ódio, desprezo, prazer ou sentimento de posse. A pena pode ser agravada caso o júri reconheça qualificadoras como motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas.
A última tentativa de Carlinhos Bezerra para evitar o Tribunal do Júri foi frustrada em novembro de 2024, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um recurso, permitindo o prosseguimento do processo, que ficou suspenso por cerca de sete meses.
Carlinhos sofreu outras derrotas judiciais. Ele obteve prisão domiciliar no final de 2023, com base nos argumentos da defesa sobre seu estado de saúde debilitado, tanto físico quanto psicológico. No entanto, retornou à prisão preventiva em fevereiro de 2024 por descumprir medidas cautelares, deixando sua residência sem autorização e frequentando estabelecimentos acompanhado de seguranças armados.
Em novembro de 2024, a Justiça negou novo pedido de prisão domiciliar após uma cirurgia de catarata, alegando que o presídio não apresenta condições inadequadas para sua recuperação.
Na última quarta-feira (15), a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho negou mais um recurso de Carlinhos, que buscava isentar-se do pagamento de pensão de R$ 4 mil a Denise Jorge Machado e Thyago Jorge Machado, mãe e irmão de Thays. Ele alegou falta de renda e dificuldades em conseguir trabalhos devido ao seu estado de saúde e à condição de estar preso.