POR ONOFRE RIBEIRO

Nexialismo, o dilema do agora

O termo é novo. Está dentro dessa leva de palavras novas que a tecnologia vem trazendo para o cotidiano, e leva  um tempo pra gente compreender. Quando vi o livro Nexialismo, na casa do meu filho Tiago, imediatamente me interessei. O livro é novíssimo, do publicitário Maurício Simão. Traz o termo como uma ponte entre o vocabulário da transição entre a língua tradicional e a língua da extrema modernidade tecnológica.

Uma frase do livro talvez abra o horizonte da compreensão sobre o termo “nexialismo”: “e se o mais transformador não fosse o que está à frente,…mas o que está entre?”. Ele argumenta: “em um mundo fragmentado, veloz e cada vez mais dominado pela Inteligência Artificial, este livro propõe um gesto inverso: desacelerar, escutar, reconectar”.

Diz mais, antes da minha avaliação: “um jeito de ver e agir que costura o que foi separado: saberes, pessoas, decisões, sentidos”. O segredo do termo está em perceber a importância absoluta e compreender o que está entre o antes e o futuro, porque a questão não é o fazer mais rápido, nem sobre fazer melhor. É sobre fazer com presença, com coerência e com cuidado agora!

Aqui entre a questão do tradicional modo de fazer e de ver a coisas. O generalista, que enxerga o ontem e o tem como base do presente e com a missão de desenhar o futuro. E o futuro inevitável que está sendo construído sobre bases completamente desconhecidas da civilização, que é a inteligência artificial. Aí está o choque entre o velho e o novo e, no meio, o mesmo ser humano vivendo e ao mesmo tempo construindo realidades tecnológicas a partir do que veio antes.

A questão que se põe é a necessidade de manter viva a memória e respeitar a disrupção futura, que, forçosamente terá passado pelo que veio antes.

Sintetizando, é preciso que se compreenda e se viva o presente como a ponte obrigatória para o futuro. Os dois extremos se comunicam através do presente. O especialista sobre temas de hoje não construirá o futuro. Mas o futuro passará pelo seu conhecimento, numa outra linguagem. Até mesmo porque, por mais que a inteligência artificial inove ao limite, ela vem de algum ponto anterior construído ao longo da História.

No fundo, é a sequenciada vida humana com as suas caras de cada tempo da História.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

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