Atualmente muitos bradam a bandeira da liberdade de expressão, liberdade de pensamento, porém, os mesmos que gritam e lutam pelas aludidas liberdades também o são muitas vezes aqueles que não toleram a divergência de ideias, crenças, valores, enfim, liberdade de expressão e de pensamentos diferentes das professadas por seus senhorios defensores.
Acontece que não existe liberdade plena em nenhum lugar no globo terrestre, ou seja, em nenhuma forma de governo atual e nem mesmo no passado há liberdade total de expressão e pensamento, em que pese o pensamento enquanto não exteriorizado em gestos, expressões ou palavras é literalmente livre!
Intrigantemente muitos tem se utilizado da rubrica liberdade de expressão e do livre pensamento como uma cortina de fumaça para autorizar abusos de direito, ofensas, calúnias e difamações, bem como, professar apologia a crimes, dentre tantas atrocidades que a sociedade da informação vem produzindo com o advento da massificação das comunicações por via das redes sociais e afins.
Neste contexto belicoso em que há a deturpação da liberdade de expressão e do livre pensar, seres humanos tem esquecido que existe um limite para aludidas liberdades e tal limite é uma virtude humana que é muito cara para ser aprendida, ou seja, é a tolerância, essência do bom convívio em comunidade que está tão démodée que parece que todos se esquecem que a liberdade de um termina quando inicia a liberdade doutro, parecendo um bando de gladiadores de conhecimento vis que nada ganharão senão o atestado da sua própria ignorância e idiotice, como temos vivenciado diuturnamente.
A tolerância é o oposto da liberdade plena individual e coletiva, porém, é o oposto que necessariamente tem o dever de atração para que as relações humanas sejam equilibradas, respeitosas e acima de tudo livres!
Fica a reflexão: A liberdade de pensamento e expressão jamais pode ser confundida com a ignorância de muitos que ao invés de calar-se oportunamente acabam se expressando acerca de todos os assuntos, mesmo que em vão, causando apenas discórdia, intolerância, dentre outras turbulências na sociedade, ou seja, o silêncio e a discrição (tolerância) são formas de manifestação conscientes e sábias, em especial, quando se expressar trará apenas energias draconianas, colaborando para a instauração de animosidades e quiçá a desconstrução dos valores e bons costumes para costumes belicosos.
Rodrigo Palomares Maiolino de Mendonça
Professor, Advogado e Comentarista da Jovem Pan Cuiabá/MT.

