Em 1967, Pelé concedeu uma entrevista histórica ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. A gravação fez parte do projeto “Depoimentos para a posteridade”. Na época, o MIS-RJ enfrentava problemas financeiros, e o Rei decidiu ceder os direitos à instituição para que o material fosse comercializado em disco. Batizado de “O Mundo de Pelé”, o LP traz, além do depoimento do jogador, o Rei em momentos de descontração. O maior atleta de todos os tempos gostava de cantar e é possível ouvi-lo tocando violão. Na entrevista, ele afirma que tinha o sonho de ser aviador: “O que eu esperava que pudesse ser era aviador”, ressaltou. Ele reconhece que, quando criança, era o “craque” do estilingue, pois quebrou muitas vidraças da vizinhança na cidade de Bauru. Lembrando que ele nasceu em Três Corações, Minas Gerais, mas a família mudou-se para o interior paulista em meados dos anos 40.
Pelé revela que calçou chuteira pela primeira vez aos dez ou onze anos de idade para disputar um torneio com a camisa do “Baquinho”, time infanto-juvenil do BAC, o Bauru Atlético Clube. O Rei do futebol cita Waldemar de Brito, craque do passado que foi responsável por levá-lo ao Santos Futebol Clube. Nesse depoimento ao MIS, Pelé revela que, ainda jovem, já atuando pelo time da Vila Belmiro, sentia muita saudade da família e chegou a pensar em desistir de tudo. Já pensou?
Como a gravação é de 1967, Pelé falou sobre o fracasso recente da seleção na Copa disputada na Inglaterra, no ano anterior. O Brasil, bicampeão mundial, foi eliminado em Liverpool, ainda na primeira fase, depois de derrotas para Hungria e Portugal. Ele não titubeou, ao admitir que faltou organização.