A ideia era descrever nesse início dificuldades e aprendizado que o vírus nos continua a impor, mas, como essa parte do assunto poucos param pra ouvir, e menos para ler, vamos ao ponto central deste material.
Falta de leitos em UTI. Não estou falando de Covid-19. Lembra da velha falta de leitos em UTI, corredores abarrotados, decisões judiciais determinando que estado e município providenciem um vaga para que o cidadão não morra sem assistência? É disso que se trata.
Pessoas perderam o emprego, segmentos inteiros se paralisaram por completo, horários de circulação foram determinados, esforços financeiros vultuosos foram movimentados, novos costume foram impostos. Tudo para que, enquanto se espera a vacina preventiva, ainda estamos longe de um remédio que cure essa doença depois de instalada, o sistema de saúde pudesse atender quem precisasse e vidas não se esvaíssem sem atendimento, principalmente por falta de uma UTI. O número de leitos de UTI, para covid-19, no momento está próximo de 70% de ocupação. No ano passado por esse período a Secretaria Estadual de Saúde anunciava criação de numero ao redor de 350 novos leitos de UTI.
No domingo passado, uma mulher de 44 anos morreu em Cuiabá por falta de UTI. Ela não era paciente covid.
Durante dez dias ela aguardou por um leito de UTI, a família pediu socorro a justiça que concedeu liminar para que fosse providenciado o leito requerido. A morte chegou primeiro.
Ela faleceu deixando cinco filhos. Chamava-se Lucineia Piaba de Oliveira Rodrigues.
Ela deixa muitas perguntas a serem respondidas por nossas autoridades. Não se podia remanejar um leito dos vazios em 10 dias, sendo que hospitais foram construídos em menos de um mês aqui no Brasil? Não se percebeu que vidas podiam ser perdidas por falta de leitos?
E a principal: A normalidade de gente morrendo sem atendimento vai voltar?
Será que depois de esfregarem em nossa cara, que quando se decide fazer o problema é resolvido, iremos aceitar novamente o descaso com a vida de pobres brasileiros? Mais uma vez vamos dar de ombros e concordar que se a vida passar de certo custo aos cofres públicos, fulano deve morrer?
Só para lembrar: Nem a última vela que será acesa em nossa intenção será livre de impostos.
Paulo Sá, jornalista e analista político