É possível constatar a patologia ideológica instalada no país com uma simples dobra no tempo, pondo lado a lado as prisões de Lula e Bolsonaro.
Os que ridicularizavam os acampados em frente a Polícia Federal de Curitiba, com os famosos “Bom dia presidente, boa tarde presidente e boa noite presidente”, com indagações jocosas tipo, “Não tem o que fazer?”, “Como pode abandonar a vida para saudar um presidiário?” serão os mesmos que adotarão comportamento idêntico, com outras palavras de ordem.
Mas não é só isso. Os que estiveram em acampamentos de esquerda, serão os que, agora, irão pichar quem repetir um comportamento que já foi seu.
Desde que a fé e a política se misturaram a ponto de uma se sobrepor a outra, nada mais oportuno que metáfora usada por Jesus, sobre quem critica o cisco nos olhos de outrem, com um tronco em seus olhos.
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro virou uma aquarela de narrativas com interesses diversos, de perspectivas diferentes. Antes de adotar uma como verdade, é necessário fazer duas perguntas.
A primeira é: ninguém sabia que quem foi condenado a prisão em regime fechado será privado de liberdade?
E a segunda: qual o procedimento legal a ser adotado para quem cumpre prisão domiciliar com vigilância eletrônica e deliberadamente rompe ou viola a tornozeleira?
Uma dica: se omitir o nome do condenado fica mais fácil responder.
Em um país que criou a palavra “descondenado”, assistimos com naturalidade leis sendo feitas para todos e leis sendo desfeitas para alguns.
Enquanto isso, novas palavras são incorporadas ao vocabulário popular, que absorveu e já se ouve falar com autoridade sobre “dosimetria”.
Para reflexão: Se nosso mundo produz montanhas de crianças e desvalidos de toda sorte, massacrados por guerras, fome, doenças, violência de muitas formas e ainda assim nossas orações e o bom coração somente se manifestam na presença de cores partidárias, é hora de se perguntar a quem, de fato, estamos servindo.

