Em 1998, no Beco do Candeeiro, centro histórico de Cuiabá, três meninos foram assassinados. Eles ficavam por dias nas ruas praticando pequenos furtos no comercio local e cheirando cola.
O policial militar Adeir de Souza Guedes Filho, foi reconhecido pelo menor sobrevivente (eram 4 meninos), mas com uma investigação montada para não chegar a lugar algum, em 2014 o policial foi inocentado por falta de provas.
Note que quando há interferência do poder público com direcionamento de políticas especificas para um fim, os resultados aparecem. O Beco do Candeeiro, como o Morro das Luz, continua tomado por moradores de rua e a diversificação de drogas vendidas e consumidas é bem maior que era, mas os menores não são mais vistos naquela condição.
Outra “história”, vem bater à porta de nossas autoridades. Desta vez em forma de filme.
“Cinco Tipos de Medo”, do mato-grossense Bruno Bini, premiado quatro vezes no Festival de Gramado, incluindo melhor filme, resgata a trajetória de Flavio Castro de Lima, um traficante conhecido pelo apelido de “Sapinho”, que não teve variação notável em sua trilha para lhe diferenciar de outros bandidos, a não ser pela simpatia que tinha de sua comunidade.
Preso em 2007, trouxe a bater no rosto da Segurança estatal, o medo dos moradores do bairro Novo Colorado, periferia cuiabana, localizado atrás do bairro classe “A” Santa Rosa, em ficar desprotegidos com a prisão de um bandido.
Sapinho ficou 11 anos preso e foi morto 8 meses após conquistar a liberdade e se envolver em um assalto, em 2018.
A população do bairro se reuniu para pagar suas despesas fúnebres e chorar sua morte.
As críticas aos moradores do Novo Colorado pelo gesto foram grandes. Mas o real motivo que levou aquela situação não foi reconhecido; a ausência do poder público nas periferias, deixando a população pobre à mercê de bandidos, malfeitores e protetores.
O sentimento de gratidão a um bandido pelo trabalho de manter famílias seguras, se não fez doer consciências, devia fazer corar faces.
Parabéns ao diretor Bruno Bini e a todos os envolvidos. Por curiosidade; autoridades pagam meia?