POR VÍDEO CONFERÊNCIA

Roubo e morte de servidor da Sefaz foram encomendados de dentro da cadeia

A morte do servidor aposentado da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz-MT), Nicodemes Francisco Pinto Lopes, 79 anos, foi encomendada de dentro da cadeia por meio de videoconferência. Os detalhes da investigação foram revelados pelo delegado Guilherme Bertolli, titular da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (Derf), durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (1º) na Controladoria Geral da Polícia Civil do Estado de Mato Grosso.

O ex-servidor foi sequestrado no dia 21 de março deste ano no bairro Pôr do Sol, em Chapada dos Guimarães (63 km de Cuiabá). O corpo de Nicodemes foi encontrado quatro dias depois às margens da rodovia Hélder Cândia, que liga Cuiabá ao Distrito de Nossa Senhora da Guia.

“Tudo leva a crer que o plano da quadrilha era sequestrar e fazer diversas transações bancária. Porém, em determinado momento, um dos criminosos chamou o comparsa pelo nome e a vítima acabou reconhecendo um dos envolvidos,” explicou o delegado.

Conforme as investigações, um dos integrantes, que teria sido chamado pelo nome, já teria prestado serviços como pedreiro para a vítima. Com medo, os criminosos decidiram assassinar o idoso, o chamado de “queima de arquivo”.

Na manhã desta terça, a Polícia Civil deflagrou a Operação Omertá para cumprimento de 16 mandados judiciais de prisão preventiva e de busca e apreensão contra oito pessoas investigadas pelo crime de roubo seguido de morte, contra o ex-servidor público.

Os dois casais envolvidos no crime, foram presos e já estão em poder da justiça, enquanto outros três estão foragidos. O mentor do crime já estava preso quando o crime se deu. Ele quem coordenou toda ação de roubo, e posteriormente no “aval” de matar o idoso. As ‘reuniões’ eram realizadas via videoconferência entre os celulares dos envolvidos.

Operação

Omertà é um termo da língua napolitana que define um código de honra de organizações mafiosas do sul da Itália. Fundamenta-se em um forte sentido de família e voto de silêncio, seja em direta relação pessoal em atos criminosos, como quando os fatos envolvem terceiros.

O caso

O filho de Nicodemes recebeu uma mensagem via SMS sobre uma transferência via PIX no valor R$ 4.900 mil, com destino à conta de uma mulher chamada Débora. Além disso, foram feitas duas transações, de R$ 3.500 e R$ 4.500, no cartão de débito da vítima. O extrato aponta que os pagamentos foram feitos em um estabelecimento de lanches.

Segundo o boletim de ocorrência, ao estranhar o valor da transação, o filho teria tentado contato com o pai via WhatsApp. Ao notar que Nicodemes visualizava e não respondia suas mensagens, ele resolveu ir até à casa do pai.

Ao chegar no local, o filho notou que a casa estava trancada e que o cachorro estava amarrado, sendo que o pai não tinha o costume de prender o cão. No relato, ele detalha também que havia uma escada no muro com marca de pegadas de sapato. Diante dos fatos, o filho procurou a delegacia.

O carro da vítima foi encontrado pela Polícia Militar abandonado, no bairro Jardim Vitória, na Capital.

A investigação chegou a um casal, no dia 24 de março, no bairro Jardim União, em Cuiabá, que estava com parte dos produtos roubados da vítima, um aparelho celular modelo Iphone 8 e uma televisão de 50 polegadas. A mulher de 28 anos e o homem de 31 foram detidos pelos crimes de associação criminosa e receptação.

Durante as diligências sequentes, a Polícia Civil identificou um segundo casal que recebeu as transferências dos valores feitas da conta da vítima. Os suspeitos foram localizados e confessaram ter recebido R$ 4,9 mil a mando de um grupo criminoso.

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