OPINIÃO COM PAULO SÁ

Radares no radar

 

Já algum tempo a prefeitura de Várzea Grande ensaia a instalação de radares na cidade.
Inicialmente optou por radares móveis, com a possibilidade de uso em três vias, as com maior índice de acidentes na cidade.
A Câmara de Vereadores pressionou e, no final do ano passado, proibiu a utilização desse tipo de radar. Lembrando que os equipamentos eram alugados, retirando dos cofres públicos mais de setecentos mil reais anuais.
Convenhamos, Várzea Grande parece possuir código de transito próprio. Em qualquer lugar que você esteja se olhar ao redor, vai identificar algumas infrações.
Há algum tempo uma guarda municipal ficou famosa ao multar carros de vereadores, na presença dos edis, que estacionaram sobre a calçada em pleno paço municipal. Bate boca, “sabe quem eu sou”, “olha a transferência”, “não tô nem ai”, “esse é meu trabalho”, desculpas e desmentidos na imprensa e um candidatura a vereadora que ficou no acostamento.
Mais recentemente campanha contra escapamentos de motocicletas fora de padrão, “barulhentos”, aqueles que sempre que o motociclista passa, sua genitora é lembrada.
Elogios por todo lado, entrevistas, várias matérias favoráveis na imprensa, apoio da população e………esquecimento. Quem acompanhou o desenrolar da medida até pensa que o objetivo era só holofote mesmo, resolver o problema não fazia parte do que se pretendia.
O fato é que ninguém que passou pela administração de Várzea Grande, deu a devida importância ao trânsito. Infrações repetidas por anos sem qualquer punição formou a má educação constate nas ruas da cidade.
Campanhas de educação conseguem mudar esse panorama? Claro que sim, porém demoram a fazer efeito, além de custarem caro.
Por outro caminho os resultados podem ser mais rápidos e lucrativos. Os radares.
Rápidos por que mexem no bolso dos infratores, lucrativos por que os radares trabalham 24 por dia, sem férias ou descanso, e não estarão somente em pontos com maior número de acidentes, mas também, em pontos de maior fluxo, com a desculpa de evitar mortes, mesmo onde nunca morreu ninguém em acidente de transito.
Mas para a implantação tem que ter uma justificativa. Por lá o ministério público ainda não interviu. Então, a meu ver, o arranjo é fechar os olhos e deixar que se arrebentem até o número de acidentes e mortes justificar os radares na cidade.
Fora operações da lei seca, que não é uma ação única do município, alguém vê mais algo?
Hã? Espera a moto passar!

Paulo Sá, jornalista e analista político