A direita é a grande responsável pela recuperação da esquerda no Brasil. Sem mais nem menos.
Não há, na reação da esquerda, um único mérito que não seja saber aproveitar os erros da direita.
Bastava olhar para o PT, da Operação Lava Jato em diante. A defesa cega e a qualquer custo do líder, custou encolhimento, perda de popularidade, das ruas, da bandeira e patriotismo em um processo acelerado pela internet, ferramenta que não dominavam.
Talvez a maior diferença entre a formação dos dois polos da política atual brasileira é que Lula praticamente recriou e ampliou a esquerda no País, enquanto Bolsonaro achou uma direita pronta, enorme, sem líder e sem ídolo, pronta para reagir
A ida de Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos articular o tarifaço, promessas de guerra sem fim até que o pai fosse liberado do processo por tentativa de golpe de estado e agora pela anistia, ofereceram ao Lula uma escolha que ele não tinha; seu adversário.
Ele escolheu o Trump, ganhando legitimidade em um discurso em defesa do país, da soberania brasileira e seu povo e viu sua popularidade ressuscitar nas pesquisas.
Recentemente entregaram de bandeja uma pauta popular para a esquerda, a reação a PEC da Blindagem, que quer dar salvo conduto para donos de partidos políticos e parlamentares, encobrindo toda espécie de crime com a impossibilidade de que, sequer, um processo seja aberto contra criminosos, que serão “julgados” pelos próprios políticos, em votação secreta.
Ruas se tingiram novamente de vermelho, com direito a bandeira brasileira em lugar da americana. Até as manifestações com menor numero de pessoas, se mostraram maiores que em eventos anteriores com pauta puramente esquerdista.
Sem conseguir colocar o Brasil de joelhos com o tarifaço e vendo uma nova reconfiguração de comércio exterior surgindo, o governo americano, sofrendo pressão interna, dá indícios de pragmatismo e no primeiro encontro com dois líderes presentes, uma surpresa.
Um dia após ter estendido sansões da Lei Magnitsky para a esposa de ministro do STF e outras figuras, Donald Trump, ignorou completamente a questão, não citou seu amigo Bolsonaro e caça às bruxas, se derretendo para Lula, falando da troca de abraço e química entre os dois, marcando possível encontro para próxima semana.
O comportamento errático do americano não dá certeza de nada.
Mas, contanto com as falas desastrosas, frequentes, do presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar da Costa Neto e aquela dirigida ao ministro Alexandre de Moraes durante audiência, “Queria lhe convidar para ser meu vice”, pelo momento e pela expectativa, a fala de Trump ganhou disparada como a pior para o bolsonarismo.
Claro que já teve interpretação que é uma armadilha de Trump para Lula, mas isso está com cara de “aguardem mais 72 horas”.