FEMINICÍDIOS

Punição dá voto, prevenção dá trabalho

Mário Cortella é autor da frase: “A coisa mais perigosa que existe é o incompetente com iniciativa”; se levarmos isso para o campo político partidário, nossa percepção nos diz que esse é o lugar onde a frase mais se encaixa.

Não é.

Os políticos dependem de voto para fazerem bobagens durante seus mandatos. Se foram eleitos deu certo, foram efetivos, alcançaram o sucesso. Isso é competência.

A insistência que o aumento de penas vai diminuir os casos de feminicídios é um exemplo.

Foram feitos ajustes para cima nas penas dos assassinos de mulheres em três momentos em menos de 20 anos: Lei Maria da Penha, a criação da tipificação do Feminicídio e o pacote Anti-feminicídio aprovado no ano passado, que entre outros artigos eleva de 12 a 20 anos e até 40 de reclusão, a pena para quem cometer esse tipo de crime.

O caso mais recente foi de um policial militar que assassinou a esposa em Cuiabá.

Foram 47 mulheres assassinadas neste tipo de crime no ano passado, mantendo Mato Grosso em primeiro lugar no ranking do país, já há vários anos. Até março deste ano foram 6, e a cada novo caso, gritaria contra justiça, endurecimento de penas e a repetição de discursos indignados e agora até ameaça de plebiscito.

Os crimes de feminicídios apresentam a maior taxa de resolução, com autoria definida, prisão e condenação dos autores. Isso quando o autor não se suicidou logo após cometer o crime.

O soldado militar que matou sua esposa, passou por audiência de custódia e a prisão foi mantida.

Cadê a falha da justiça?

Qual o nível de reincidência nos crimes de feminicídio, principalmente entre cônjuges? Os números são baixos a ponto de não valer um cochicho, quanto mais a gritaria habitual.

Até o dia anterior ao assassinato de sua esposa, o policial militar em questão era um defensor da sociedade, enfrentando risco de morte na defesa da lei e da ordem e se fosse encontrado no mesmo ambiente dos políticos que estão com a veia do pescoço saltada de tanto gritar por leis mais duras, seria cumprimentado com deferência, pelo trabalho que executava.

Por acaso alguém pensou em leis, métodos, programas ou qualquer coisa que funcione, para prevenir o feminicídio?

Se para essa pergunta a resposta foi silêncio, não estaria na hora de apostar em outras ideias que não seja só o aumento de penas, que já demonstrou, por mais de uma vez, os seus resultados possíveis?

Se de um lado insistir no erro é burrice, de outro insistir na burrice dá voto, não deixe que insistam com você.

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