LUCAS DO RIO VERDE

Pode não ter sido um feminicídio

O assassinato de uma mulher e ferimentos graves em sua filha de sete anos cometido pelo marido e pai, em Lucas do Rio Verde, não traz, até agora, informações precedentes que indiquem um feminicídio, lembrando que o feminicídio é a classificação dada para um assassinato que ocorreu por conta da condição da vítima, ou seja, por ser mulher.

Não existem relatos de brigas, de violência doméstica, de separação anterior que coloquem o casal em uma situação de recomeço ou mesmo indícios que a esposa tivesse intenção de terminar o casamento. Exatamente no sentido oposto, as primeiras informações dão conta que a esposa havia se declarado nas redes sociais ao marido dias antes do ocorrido.

As palavras escritas por ela falam em amor, gratidão ao esposo e a Deus por ter permitido aquela união e estão em seu perfil no Instagram (gleicioliboni).

Os policiais que atenderam a ocorrência relataram que encontraram o engenheiro em choque perguntando em voz alta o porquê de ele ter feito aquilo e constataram que ele tentou suicídio.

A intenção aqui não é defesa de ninguém, mas trazer o ponto que merece ser pressionado.

Comprovando ou não se tratar de um feminicídio, vamos refletir sobre a atitude de quem detém o poder em nosso estado campeão por anos nesse tipo de crime e, portanto, cabe a responsabilidade de frear os crimes contra a mulher.

Os pronunciamentos são de ódio, raiva e impotência. E insistem em uma mesma tecla, “aumento de penas”, seguido por desejos de cadeia eterna etc.

Tratamos disso anteriormente, mas obtusidade com que enxergam a questão faz a necessidade de repetir; são raros os casos que quem matou sua família volte a cometer o mesmo crime, então não é um caso de tempo de cadeia. Os assassinos, por muitas vezes, se suicidam, não se pode assustar alguém que despreza a própria vida com anos a mais de cárcere.

As penas já foram aumentadas por três vezes e não diminuiu esse tipo de crime.

Mato Grosso tem apenas 9 Delegacias Especializadas da Mulher em 8 municípios, uma funciona 24 horas as outras de 8 as 18h. São 142 municípios.

Cuiabá, em nome da economia, das 3 unidades que davam apoio as mulheres vítimas de violência, fechou 2.

Não se tem levantamento de quantas cidades mato-grossense tem esse tipo de serviço. No país são menos de 10% das cidades.

Os programas de recuperação de agressores a cargo do Ministério Público têm a abrangência e eficácia necessárias?

Quantos projetos para implantação, nas escolas, de palestras sobre direitos e legislação sobre o tema?

O Basta que precisamos, urgente, é o basta de indignação, revolta e nada mais.

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