O prefeito Abilio Brunini sabe que a base de seus eleitores está na igreja que congrega e no bolsonarismo, que tem mais de uma religião e ídolos políticos.
Aos dois públicos, assembleianos e bolsonaristas, o ponto comum, na maioria, é ódio ao PT e sua turma. Sem esquecer que a vitória à prefeitura foi por diferença de 4,03% dos votos, disputando contra um petista de vermelho pálido, desbotado.
Craque em marketing pessoal, neste carnaval o prefeito fez mais um investimento nas carreiras, sua e de sua esposa, com preparação para mais um, que pode ser seu irmão.
A ideia era, já antes destes festejos carnavalescos, empurrar uma lei que proíbe por quatro anos, seu mandato inteiro, investimentos da prefeitura no carnaval. Para a tarefa, escolheu um aluno sem talento para apresentar a proposta em regime de urgência, o que não foi aceito pelo parlamento.
A falta de contra ponto por parte da Câmara, por medo de cancelamento no mundo evangélico e demissão de apadrinhados, está deixando se misturar cargo e orientação espiritual, não pode.
Com o Grande Templo lotado e uma imagem de Abilio ajoelhado com o indicador apontado para os céus, veio por seu diário oficial pessoal, as redes sociais, a frase: “Neste ano o Rei Momo não vai colocar as mãos na chave de Cuiabá. Este ano entreguei as chaves de Cuiabá nas mãos do Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, o nosso Deus”, escreveu.
No post ele acrescentou que “nenhum político está proibido de manifestar sua fé neste carnaval”. De fato. O que não pode é a fé manifestar um cargo político.
A entrega simbólica das chaves não cabe ao prefeito? E se ele fosse umbandista podia fazer a entrega para Olorum, Xangô, Iansã, ou ainda Alá, Brahma, Yeshua, Tupã, a depender da fé do alcaide?
Assim como Momo nunca tapou um buraco, pagou o prometido para atingidos por enchentes, acabou com radares “caça-níquel” e diferenciou baixo e “alto” meretrício, o Criador da Terra não precisa que lhe deem chaves.
Não é possível imaginar batidas estrondosas em uma porta e, do céu, uma voz de trovão dizendo,” Abilio, joga a chave pela janela”.
Mas, como marketing, irretocável.