Certa cidade, contam lendas políticas, foi dominada por décadas por uma paca muito poderosa e sua família.
Um de seus irmãos, nos áureos tempos foi mais poderoso que ela, mas ele lhe ensinou como domesticar os caititus e acabou por perder o território local, enquanto governava uma área muito maior, com mato bem denso, grosso.
Depois de aprender a encantar caititus, a paca, com tanto poder, acabou por encantar o gado, que era maioria e votava de tempos em tempos para ver quem administraria a cidade, política e economicamente, já que todas as empresas que prestavam serviço para aquela administração ou eram da paca ou dos amigos da paca.
Por duas ocasiões ela quase perdeu o domínio sobre a cidade, mas recorreu a câmara de caititus que reclamaram ao ibrama e os invasores, que pertenciam ao seu bando no passado, foram apeados do poder, sendo que um tentou voltar ao círculo recentemente, sem sucesso.
Vamos ao desfecho, pois a história é longa.
Sem herdeiros diretos, apostou em dois de seus caititus. Um para a capital da província e outro para mais uma temporada como gerente de sua cidade.
Deu errado, por falta de espaço na bolsa escrotal e sede, o gado estourou de votos para uma senhora que nasceu em um Ribeirão Preto. Como o principal problema era água, se imaginou que quem nasce em um ribeirão poderia resolver.
Na capital, teria sido excesso de confiança, já que a Paca Ramba havia retirado o xodó do cacique regional do caminho, e seu filhote vinha cevando caititus e gado com sal retirado da grande gruta vermelha e contratado um bando enorme de papagaios que repetiam seu nome dia e noite.
A paca acalentava o desejo de substituir o cacique e ocupar a cadeira que já havia sido sua.
A derrota de ambos acabou por transformá-la na maior derrotada.
Perguntada sobre isso ela negou. “Não fui eu a candidatada”, disse, criando uma nova paca, a Paca Bá.