ESCOLA E ESCOLHAS

O que você quer ser quando seu filho crescer?

Já vai um longo tempo de brincadeiras de “Polícia e bandido” ou “Camói”, onde meninos sem camisa, pés descalços e calçãozinho puído corriam pelas ruas empunhando um pedaço de madeira, imitando um revólver, encarnando heróis americanos.

É desnecessário relacionar diferenças entre as brincadeiras de “antes” e “agora”, exceto por um aspecto; era difícil reunir os “maus” em número suficiente e o bandido que “morria” renascia policial imediatamente. “Ser do crime” deixou de constranger.

Em Araguaia-MT, fato dentro de uma escola estadual se espalhou rapidamente por toda a mídia, na manhã desta terça-feira.

Um grupo de meninas, sim, meninas, filmou a punição (espancamento) de uma integrante por desrespeito às regras da gang formada por elas.

Não podia gemer ou chorar.

A “chefe” teria parentes pertencentes a uma facção.

Ela reproduziu uma organização onde ela dava as ordens, buscando similaridade no código que o crime impõe ao seu círculo familiar. Todas com idade próxima a 12 anos.

Assim como a política reúne o extrato de uma sociedade, a escola faz isso com os futuros cidadãos.

Se fossem separadas por drama familiar, seria fácil formarmos nas escolas as alas dos que sofrem violência doméstica, abusos, abandono, insegurança alimentar, pais alcoólatras, faccionados, viciados, condenados, desequilibrados e uma longíssima lista de locais impróprios para desenvolvimento de seres humanos plenamente capazes a uma vida minimamente ética e responsável para com planeta e seus habitantes. Não podemos esquecer os lares com ausência dos problemas aqui citados e dotados de harmonia. Fato é que todos levam seus dramas para a convivência social, inclusive os professores.

“Meu filho está na escola”, já não é mais sinônimo de tranquilidade.

Cada geração vem com seus próprios desafios, mas para começar, participar de reuniões, descer de seu veículo, conversar com os docentes, ser visto ao lado de seu filho em ambiente escolar, são demonstrações de que ele não está sozinho, que a família se interessa pelo que se passa com ele e os pais não serão os últimos a saber do que ocorre por de trás dos muros.

Se no começo do século a resposta para a pergunta: “Seu filho terá contato com drogas”? era “Com que idade”? e não “Se”, o mesmo vale para o contato com facções, até porque os dois, drogas e facções, quase sempre estão na mesma frase.

Aulas para os filhos não pode ser igual a férias para os pais.

Em um país que tem um ex-presidiário na presidência, dois ex-presidentes presos em casa e tornozeleira já não é exibida com orgulho somente nas periferias, pode não ser tão simples responder a pergunta a seguir:

Afinal, o que você quer ser quando seu filho crescer?

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