MELASMA

O erro que impede seu clareamento e como o protetor solar pode ser o verdadeiro tratamento

O melasma é uma das alterações de pigmentação mais comuns e desafiadoras da dermatologia estética. Caracterizado por manchas acastanhadas ou acinzentadas, geralmente localizadas no rosto — especialmente na testa, bochechas, nariz e buço —, o melasma é resultado de uma hiperatividade dos melanócitos, as células responsáveis pela produção de melanina. Embora fatores genéticos, hormonais e inflamatórios estejam envolvidos, o principal gatilho e também o maior agravante do quadro é, sem dúvida, a exposição à radiação ultravioleta (UV) e à luz visível.

Nesse contexto, o uso diário e correto do protetor solar não é apenas uma recomendação: é a base essencial do tratamento do melasma. Sem a fotoproteção adequada, qualquer intervenção — seja com clareadores, peelings, lasers ou ativos despigmentantes — perde eficácia, e o risco de recidiva é altíssimo. O protetor solar atua como uma barreira física e química contra a radiação, prevenindo a ativação dos melanócitos e a consequente produção excessiva de pigmento.

É importante compreender que a radiação solar é multifacetada. Além dos conhecidos raios UVB, responsáveis pelas queimaduras, e UVA, que penetram mais profundamente e estimulam a produção de melanina, há também a luz visível e a radiação infravermelha, que desempenham papel significativo na piora do melasma. A luz azul emitida por telas e dispositivos eletrônicos também pode intensificar as manchas, o que reforça a necessidade de fotoproteção mesmo em ambientes internos.

Por isso, o protetor solar ideal para quem tem melasma deve oferecer proteção de amplo espectro (UVA, UVB e luz visível) e conter pigmentos minerais, como óxidos de ferro e dióxido de titânio, que formam uma barreira física eficaz contra a luz visível. Os protetores com cor, portanto, têm um papel fundamental no controle do melasma, já que ampliam a defesa da pele e uniformizam o tom, reduzindo a aparência das manchas.

Além da escolha do produto, a forma de aplicação é determinante. A quantidade correta — cerca de meia colher de chá para o rosto — deve ser reaplicada a cada três horas ou sempre após transpiração intensa, banho ou exposição direta ao sol. Pequenas falhas no uso comprometem todo o processo terapêutico.

O protetor solar, entretanto, deve ser visto não apenas como um cuidado estético, mas como um agente terapêutico. Estudos mostram que o uso consistente e adequado do fotoprotetor, por si só, pode clarear o melasma em até 50% dos casos leves, mesmo sem o uso de ativos clareadores adicionais. Essa melhora ocorre porque o bloqueio da radiação reduz o estímulo inflamatório e o estresse oxidativo da pele, criando um ambiente mais estável e menos propenso à hiperpigmentação.

Na prática clínica, o sucesso no tratamento do melasma depende da associação de terapias — clareadores tópicos, antioxidantes, peelings suaves, laser de baixa energia e controle hormonal —, mas todas essas abordagens são ineficazes se a paciente não mantiver o hábito diário de proteção solar. É um tratamento contínuo, de longo prazo e que exige disciplina.

A mensagem é clara: sem protetor solar, não há tratamento eficaz para o melasma. Ele é o ponto de partida e também a linha de defesa final contra a recorrência das manchas. Mais do que um cosmético, o fotoprotetor é um verdadeiro medicamento preventivo, que protege não apenas a estética, mas também a saúde e o equilíbrio funcional da pele.
Em um mundo onde a beleza está cada vez mais associada à preservação e à naturalidade, o uso consciente do protetor solar representa um gesto de autocuidado essencial. No caso do melasma, é o passo indispensável para conquistar uma pele mais uniforme, saudável e luminosa — e, acima de tudo, protegida.

Diogo Tadeu Alves Corrêa é médico, atua na clínica Tez na área de estética há 18 anos.

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