Antes de mais nada é bom lembrar que o agro é um negócio, um ramo que atinge ampla margem desde o setor primário, onde está inserido, até a indústria.
Quem vive em regiões agrícolas já se acostumou aos discursos utilizados de acordo com o momento econômico.
Em épocas de vacas gordas, o comportamento arrogante de alguns que, sem cerimônia, bradam que o Brasil é que precisa do Agro, as cidades é que dependem dessa atividade etc.
Em épocas de vacas magras, vem os vozerios sobre a atividade divina de alimentar o mundo, da necessidade de ajuda (dinheiro de todos os brasileiros), quebra de safra, diminuição da área plantada etc.
O governo federal anunciou a suspenção do financiamento da safra 24/25 por conta de o Congresso Nacional não ter, ainda, aprovado o orçamento desse ano, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Pronto. Inflação, aumento nos preços dos alimentos, redução de área plantada, insegurança, um cenário de onde, todos nós, não sairemos ilesos.
Os pequenos produtores não tiveram alteração em sua linha de crédito. O Pronaf, para custeio da agricultura família não teve interrupção.
Mais que uma força econômica, o agro é também uma força política.
Assim como agrotóxico, o segredo está na dose.
Debaixo de um quieto, no BNDES, no acumulado de janeiro a setembro do ano passado, a indústria concentrou 27% de todo o crédito aprovado, mais que a agropecuária, que obteve 26%.
No comparativo com 2023, os números apontam que o campo respondeu por 31%, enquanto que as fábricas ficaram com 18%.
O aumento no nível de emprego no país tem a ver com isso.
O agro não pode ter sua importância diminuída. Nem superestimada.
Mais século, menos século, vamos ter que discutir se vamos continuar tentando chegar ao primeiro mundo exportando produtos in natura. O Agro já chegou.
Como nação, por hora, conseguimos sair das caravelas para os contêineres.
Respondendo à pergunta do título, é. Até quando é outra discussão.