O governador Mauro Mendes não se pronunciou sobre a infeliz fala que fez ao ser cobrado pela implantação de atendimento 24 horas na Delegacia Especializada da Mulher em Várzea Grande.

“Não é doloroso atravessar a ponte”, ao se referir ao atendimento em período integral oferecido em Cuiabá, onde as mulheres vítimas de violência, durante a noite e madrugada, buscam socorro, acolhimento e proteção.

Ao justificar a ausência do investimento, extrapolou na justificativa do aspecto financeiro, fazendo a conta de implantação de atendimento 24 horas no estado todo e não em uma Delegacia.

A prefeita Flávia Moretti, mesmo sendo aliada do governador, disse ter ficado em uma “saia justa” com a afirmação, pois o necessário para funcionamento seria somente pessoal para ou aumento de turno, pois a estrutura já existe.

Apesar da maneira desastrada para a justificativa, nas entrelinhas foi revelado o motivo da insistência em aumento de penas para o feminicídio.

45 mortes com essa tipificação deu o título de campeão nacional para Mato Grosso, enquanto outros tipos de assassinatos passam de 600 mortes anuais, com o aparato de segurança espalhado por todo o estado.

Mato Grosso possui oito Delegacias Especializadas da Mulher e somente uma funciona 24 horas.

O tamanho do investimento para reduzir a quantidade de casos de feminicídios pela metade é muito maior que o necessário para minimizar perdas de vidas na outra ponta, onde tem um número muito superior.

Por isso, é melhor ser considerado equivocado ao tratar os casos da mesma maneira, que colocar preço no salvamento de vidas e revelar que é mais caro salvar mulheres de feminicídios que crimes comuns.

Com campanha eleitoral antecipada, BRT encalacrado e obras no Portão do Inferno da mesma maneira, poderia ter deixado de entregar aos adversários munição para levar tiro, ainda mais contando que sua principal adversária para a vaga ao senado é uma mulher.

Um pedido de desculpas pela fala infeliz não terá o mesmo peso se dito em horário eleitoral.

Não é doloroso fazer agora, antes de trocadilhos com a palavra governador.