Belas lutas a bem da sociedade começam com a vivência do problema no lar dos políticos, que levantam bandeiras que representam sofrimento de minorias.
Autismo, lábio leporino, visão monocular e problemas de toda ordem, que por terem número reduzido de casos, acabam por carecer de vozes de esclarecimento e busca por amparo público em políticas específicas.
Mas existem outras que, enquanto o discurso para o problema apresentado é proferido, o som de moedas e máquinas de contar dinheiro é ouvido de forma pronunciada ao fundo.
Pode ser um político reclamando de buracos e/ou poeira em uma estrada que leva a sua fazenda, ou a justa reclamação do acúmulo de lixo em ruas finais de um bairro, que se transformam em bolsão de lixo por falta de ação do poder público.
Alguns casos nem precisam de lupa para perceber que o interesse não é meio ambiente nem a defesa dos moradores da região afetada.
Desde os tempos que Várzea Grande era várzea, alguém tem notícia de algum político com o sobrenome “Campos” reclamando do poder público da cidade sobre a falta de água ou esgotamento sanitário em algum bairro?
Eis que surge um que abriu campanha de limpeza em ruas sem moradores do bairro Costa Verde, na Cidade Industrial, que há anos viraram local de descarte de lixo de toda a natureza, incluindo animais mortos.
Dois pontos merecem destaque. O primeiro é que enquanto o prefeito era aliado ou esposa de quem assina “Campos”, a reclamação, se efetuada, foi de forma discreta e em alguma confraternização de família, mas de resultado neutro, pois o problema ultrapassou mandatos exalando o mesmo odor e fumaça.
O segundo é que o local, casualmente, liga a parte habitada do bairro à uma grande área pertencente ao clube Costa Verde, que outra vez, casualmente, e bota causal nisso, é de propriedade do deputado Júlio Campos, o reclamante do problema, que agora tem urgência em ser solucionado.
Não que o tal clube esteja a venda, mas a situação desvaloriza muito a região.
Já o mesmo problema nos bairros Manaíra, Hélio Ponce e estrada do Carrapicho…
Se estabelecido que o bem coletivo não habita a intenção de nossos mandatários e sim seus próprios problemas, talvez a solução esteja em rogar pragas.
Sugestão?