A menopausa marca uma profunda transformação no organismo feminino, e o couro cabeludo é um dos primeiros a sentir esses impactos. Embora muitas mulheres associem a queda capilar ao estresse ou ao envelhecimento natural, a verdade é que essa fase provoca alterações hormonais capazes de modificar todo o ciclo de crescimento dos fios. O resultado é um cabelo mais frágil, fino e com menor densidade — e, em muitos casos, uma queda excessiva que afeta a autoestima e o bem-estar emocional.
O declínio do estrogênio e da progesterona, hormônios fundamentais para a espessura e vitalidade dos fios, desencadeia uma perda acelerada de massa capilar. Sem eles, o ciclo capilar se torna mais curto: os fios entram mais cedo na fase de queda e permanecem menos tempo na fase de crescimento. Ao mesmo tempo, há aumento relativo da ação androgênica, que pode estimular o afinamento progressivo dos cabelos, especialmente no topo da cabeça — um padrão bastante característico na menopausa.
Mas nem tudo é culpa dos hormônios. O estresse crônico, comum nessa fase de transição, pode intensificar quadros de eflúvio telógeno. Carências nutricionais, como deficiência de ferro, vitamina D, proteínas e zinco, também desempenham papel decisivo. Além disso, alterações da tireoide, mais prevalentes após os 45 anos, frequentemente coexistem e pioram o quadro. Por isso, é essencial que a avaliação seja ampla e individualizada, identificando todos os fatores que contribuem para a perda capilar.
A boa notícia é que o tratamento evoluiu significativamente. Hoje, existem abordagens seguras, eficazes e personalizadas para restaurar a saúde capilar durante e após a menopausa. O uso tópico de minoxidilainda é um dos pilares, mas novas terapias vêm ganhando protagonismo: peptídeos biomiméticos, exossomas, fatores de crescimento, microinfusão de medicamentos, LED capilar e drug delivery potencializam a regeneração dos folículos e estimulam o crescimento dos fios. Nos casos onde a queda está relacionada a processos inflamatórios ou hormonais, ajustes metabólicos, reposição hormonal supervisionada e suplementação direcionada podem desempenhar um papel fundamental.
Além disso, práticas diárias simples ajudam a preservar o volume e a saúde do cabelo: evitar calor excessivo, escolher produtos adequados ao tipo de fio, reduzir agressões químicas e manter uma alimentação rica em proteínas e antioxidantes. O couro cabeludo, muitas vezes esquecido, merece cuidados específicos — desde massagens para ativar a circulação até cosméticos que reduzem inflamação e fortalecem os folículos.
A queda capilar na menopausa não precisa ser um destino inevitável. Com diagnóstico correto e intervenções modernas, é possível recuperar densidade, reduzir o afinamento e restaurar a confiança. A ciência avançou, e hoje entendemos que o cabelo é um reflexo direto da saúde hormonal, emocional e metabólica da mulher — e não deve ser negligenciado durante essa etapa tão importante da vida.
Diogo Tadeu Alves Corrêa é médico, atua na clínica Tez na área de estética há 18 anos.
				
											