A Polícia Federal (PF) realizou, nesta sexta-feira (3), mais uma etapa da Operação Sisamnes, com cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência de Andreson de Oliveira Gonçalves, em Primavera do Leste. Ele é apontado como articulador de um esquema de venda de sentenças judiciais em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Durante a ação, o ex-policial militar Dejair Silvestre dos Santos, que atuava como segurança de Gonçalves, foi preso por obstrução à Justiça, após tentar esconder um celular durante a chegada das equipes da PF.

A decisão que autorizou a operação partiu do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin. Embora esteja em prisão domiciliar há três meses, devido a problemas de saúde, Gonçalves é suspeito de manter a rede criminosa ativa, mesmo fora da cadeia.

Conhecido nos corredores de Brasília por circular com uma carteira falsificada da OAB, Gonçalves se apresentava como advogado, mas, segundo as investigações, sua real atuação era como lobista influente: negociava votos de ministros, distribuía minutas de decisões antes da divulgação oficial e pagava magistrados e servidores com altas somas de dinheiro.

A nova fase da Operação Sisamnes tramita em sigilo judicial, e a PF não detalhou oficialmente as medidas cumpridas nesta manhã. Fontes próximas ao caso, no entanto, afirmam que o ministro Zanin determinou que um perito avaliasse o real estado de saúde do lobista, para verificar se ele pode ou não retornar ao sistema prisional.

As apurações tiveram início após a morte do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, em Cuiabá. A análise do celular de Zampieri revelou conversas que ligavam Gonçalves a empresários, desembargadores de Mato Grosso e servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ), todos suspeitos de participar da rede de corrupção.