O cenário para consumo das famílias apresenta leve aumento no mês de junho. Mesmo com a melhora na perspectiva anual, o mês de junho é considerado o pior da série histórica iniciada em 2010. A observação dos dados do índice que mede a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) aponta para uma versão de junho pior que a de 2020, primeiro ano da pandemia, mas também traz sinais de melhoras, conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela pesquisa.
O pior mês de junho para o consumo também superou, negativamente, as projeções de 2020. De acordo com o indicador de consumo, houve retração de 2,6% nas intenções de compra das famílias quando comparado ao mesmo período do ano passado. No entanto, o indicador subiu 2,1% na variação mensal, após dois meses consecutivos de quedas.
“Esse é mais um indicador capturado pela Confederação, que mostra como a população não pode e não quer deixar de consumir. Em junho, temos uma data importante para o varejo e o setor de serviços, que é o Dia dos Namorados, que este ano voltou a ficar aquecida mesmo com a circulação afetada. Acreditamos que, com o avanço da vacinação no país, a gente possa chegar a um cenário muito mais próspero no fim do ano”, pontua José Roberto Tadros, presidente da CNC.
Para chegar ao indicador de consumo, os pesquisadores analisam sete aspectos financeiros das famílias: emprego, renda e nível de consumo atuais, as perspectivas profissionais e de consumo, e, também, o momento para aquisição de duráveis. Na variação mensal, em junho todos esses pontos ficaram positivos, fazendo o índice atingir 67,5 pontos.
Já na comparação anual, cinco aspectos aparecem negativos, o que levou o índice a ter o pior resultado de junho da série histórica, desde 2010 (-2,6%). Os resultados negativos estão na sensação de segurança com o emprego atual (-2,3%), pioras na renda (-11,6%) e acesso ao crédito (-9,1%).
“O item referente à renda atual obteve novamente o menor indicador da série histórica; contudo, já demonstrou melhora este mês com seu crescimento (+1,5%). Isso mostra que o auxílio emergencial está cumprindo sua meta e amenizando as necessidades das famílias, aumentando sua receita e, consequentemente, incentivando o consumo,” justifica os pesquisadores.
SEGURANÇA – A maior parte dos entrevistados (35,5%) também respondeu que se sente tão segura com seu emprego quanto no ano passado, maior percentual da série histórica e uma proporção acima do mês anterior (34,3%) e do que em junho passado (31,3%).
“A confiança no emprego é o que tem mantido as pessoas consumindo na pandemia. Quando há deterioração nas empresas, acontece um efeito dominó que impacta o orçamento das famílias e impede o acesso. O ICF tem sido um instrumento de análise bastante alinhado com essa expectativa”, resume Catarina Carneiro da Silva, economista responsável pela pesquisa.