Viver sem inimigos, em algum momento esse desejo se perdeu. Se atualmente você tem lado na política, você tem inimigos que não são seus.
As causas deixaram de ser a promessa do Édem, para ser trincheira.
Em passado recente, quem melhor pintava um quadro de prosperidade, de bonança, de fim de privações, conseguia reunir pessoas cansadas com a situação pessoal por qual ela e os seus passavam a décadas, se ombreando em marcha alegre à um paraíso que nunca chegou.
Houve um tempo de descrédito total da classe política, por promessas nunca cumpridas e sempre renovadas a cada período eleitoral. Os novos políticos já eram velhos em seu ingresso a carreira, pelo método utilizado na arregimentação do eleitorado.
Todos estávamos exaustos.
Mudou-se a forma de arrebanhar eleitores, a beligerância.
Primeiro foi um partido político contra outro, depois contra os partidários desse ou daquele partido, contra profissionais da área da informação, juízes e agora ministros da Suprema Corte.
Sem que se percebesse as pessoas pararam de pedir por saúde, educação, segurança, melhores salários etc., e pedem liberdade para cometimento de crime, fim antecipado de governos eleitos, afastamento de quem não julga de acordo com o julgamento que lhe disseram ser o correto, enfim, cadeia para quem comete o crime de ser contrário ao código de ética do meu grupo.
Adotamos os inimigos de outros e passamos a odiá-los muito mais do que odiamos os nossos inimigos, isso em nome de Deus, logicamente.
Politicamente não pedimos nada para nós, nossa cidade, estado ou país. Somente que a mão divina puna os inimigos que adotamos, seguindo o nosso julgamento.
“Seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu”, desde que castigue quem eu condenei.
Se, em determinada cidade, após a morte de todos os gatos pretos que naquele local “gato preto não se cria” e o “azar” ainda existe, não é possível que você ainda odeie gatos pretos pelo “azar” que te causaram, dando razão ao gato branco que liderou a caçada.
“Deus me livre de mim, da maldade de gente boa e da bondade de gente ruim”, disse Chico César.
Que herança irá deixar para filhos e netos? Um país com menos poluição, mais natureza, mais oportunidades e qualidade de vida? Ou um país sem gatos pretos?
Enquanto você luta por pautas alheias, quem luta pelas suas?