DEU EM A GAZETA

Esposa denuncia oferta de dinheiro; Pivetta tem bolsa escrotal cortada

Vítima de violência doméstica, a advogada Viviane Cristina Kawamoto Pivetta, 36, esposa do vice-governador Otaviano Pivetta, 62, (sem partido), conversou com exclusividade com a reportagem de A Gazeta sobre os desdobramentos do caso de agressão sofrida por ela em Itapema, Santa Catarina, no dia 7 de julho deste ano, e que foi revelado em primeira mão pelo Portal Gazeta Digital na semana passada.

Viviane conta que tem juntado provas que comprovam as agressões sofridas no início do mês passado, mas que também anexará provas de outras agressões. Ambos estão casados desde 2019 e não tê filhos. “Este é um processo [caso Itapema] em que estou juntando provas e entregando para o meu advogado, onde comprova que já sofri outros tipos de agressões. Mas isso será provado na justiça”, disse afirmando que não fornecerá mais informações porque o processo se encontra em segredo de Justiça.

A advogada ainda afirma que, após a divulgação da agressão feita pelo marido, ela e Pivetta tentaram reatar o casamento. Porém, segundo Viviane, essa possibilidade foi anulada e não tem mais volta por conta da interferência de ‘terceiros’. “Eu fui no escritório dele, nós conversamos, ele me pediu perdão, me pediu desculpas e pediu para voltarmos. Eu aceitei por amor, pelo nosso filho”, disse ela antes de contar os detalhes que a levaram a desistir de reatar o casamento (veja ainda nesta matéria).

A Gazeta teve acesso com exclusividade à Certidão de Ocorrência feita pelos Bombeiros a pedido do delegado Rafael Chiara, que atendeu o caso. De acordo com o laudo assinado pelo 3º sargento do Corpo de Bombeiros, Adriano Ribeiro da Silva, Viviane Kawamoto estava consciente, orientada e com sinais vitais normais.

Relatou dores na região da cabeça, lábios, braços e pernas. “Na avaliação secundária foram observadas escoriações e edemas na região do crânio, braços, no dedo anelar esquerdo, coxa esquerda, lábios e na região distal anterior da coxa esquerda”, diz trecho.

BOLSA ESCROTAL DE PIVETTA

O documento também revela que Otaviano Pivetta foi atendido pelos Bombeiros, que estava no dia com a pressão arterial alterada. Segundo o laudo, o

vice-governador tinha escoriações no pescoço, tórax, costas, mão esquerda e ‘bolsa escrotal lado direito’.

O laudo só foi solicitado porque Viviane se recusou a realizar o exame no Instituto Médico Legal (IML) em Balneário Camboriú, cidade localizada a 12 quilômetros de distância. Viviane relatou aos militares naquele dia que o vice-governador havia lhe agredido e batido algumas vezes com sua cabeça no sofá.

Pivetta e Viviane chegaram à delegacia por volta das 19h. O vice-governador de Mato Grosso foi detido e precisou pagar fiança de seis salários mínimos para deixar a delegacia.

OFERTA DE DINHEIRO

Viviane Kawamoto disse à reportagem que, durante a conversa de tentativa de reconciliação no escritório de Otaviano Pivetta, o advogado Pascoal Santullo estava presente, quando recebeu uma ligação da secretária de Estado de Comunicação, Laíce Souza, que teria sugerido ‘dinheiro’ para a esposa do vice-governador.

“Ela [Laíce} ligou e não sabia que o Pascoal Santullo tinha colocado no viva voz. Então ela disse para o Pascoal que se eles [Pivetta e Santullo] estavam abertos

a soltar ‘uma bolada’ para calar a minha boca e eu assumir tudo. Para calar a boca dessa mulherzinha”, acusou a advogada. “Eu não me vendo. Eu prefiro ficar com a minha dignidade. Eu tenho filhos, eu falo 3 idiomas, sou advogada, não fico atrás de dinheiro”, completa.

Viviane relata que após dizer que não aceitaria ninguém falar assim com ela, deixou a sala. Pivetta ainda tentou convencê-la a ficar, mas ela pediu para que ‘a deixasse em paz’. “Depois disso eu bloqueei ele. Porque se ele aceita que falem comigo desse jeito, não tem porque eu ficar nisso. Não tem mais volta”, afirmou.

Ela relatou uma segunda tentativa de proposta de dinheiro que teria ocorrido nesta terça-feira (3). Desta vez, segundo Viviane, a proposta teria partido do

advogado Rodrigo Cyrineu, que defende o vice-governador no caso. “Ele falou para o outro advogado que estava cuidando disso pra gente. Ele disse: será que por um valor ela aliviaria as coisas pra nós? Foi dessa forma. E isso tem me deixado revoltada”, explicou.

Após o episódio, ela afirmou que recebeu o pedido de desculpas de Santullo por mensagem de whatsapp. Segundo Viviane, este teria sido o motivo pelo qual fez a postagem em seu instagram mostrando um print de uma conversa com a secretária de Comunicação.

Na postagem, Viviane questionou se os seguidores assistiram ao vídeo que ela publicou. Em seguida, disse que “secretária de Comunicação do Estado de Mato Grosso sra. Laíce me pressionou para gravar um vídeo mentiroso”. “Se você tem preço eu tenho valor e ninguém me compra! Suja, rasteira e vil e todo mundo precisa saber”.

OUTRO LADO

Procurada pela reportagem para falar sobre a suposta oferta de dinheiro, a secretária de Comunicação, Laíce Souza, não atendeu ou retornou as nossas ligações. Já o advogado Rodrigo Cyrineu afirmou que jamais conversou com qualquer pessoa sobre dinheiro.

E que ele foi constituído advogado de Pivetta no caso nesta terça-feira. Na tarde de ontem, Laíce Souza afirma que irá processa Viviane por calúnia e difamação e que repudia qualquer tido de violência contra ‘uma de nós’.

Disse que vai registrar um boletim de ocorrência por calúnia e difamação na Polícia Civil. “Como jornalista trabalha com a verdade. Sendo mulher, jamais aceitaria a violência contra outras mulheres”.

Acrescentou ainda que atuou estritamente com a verdade dita por Viviane que, naquele momento, negava qualquer agressão cometida por Pivetta. Já a defesa de

Otaviano Pivetta argumenta que as investigações correm em segredo de justiça, e que por isso, não poderá fazer nenhum tipo de considerações sobre o caso.

O defensor ainda afirma que a “fatídica noite de intempestividades, aliada à interpretação equivocada e draconiana da norma penal por parte da Polícia Militar de Santa Catarina, redundaram na elaboração do noticiado boletim de ocorrência”. O vice-governador garante que sua história na esfera familiar depõe a seu favor, não havendo qualquer registro passado de incidentes desta natureza que justifique qualquer suspeita ou permita quaisquer préjulgamentos.

(A Gazeta)

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