As quedas de políticos no Brasil são em maioria por grandes tropeços em pequenas pedras.
É praxe por aqui, as administrações municipais terem base majoritária nas câmaras de vereadores. Nos municípios em que o prefeito não possui maioria o embate dura até que um acordo seja fechado ou o prefeito cassado.
Em Várzea Grande, diz sua história recente, a segunda opção tem sido frequente.
O mandato da prefeita Flávia Moretti teve dois embates decisivos.
Após se declarada vencedora, desautorizou um acordo de seu vice Tião da Zaeli, com o atual presidente da Câmara Wanderley Cerqueira. O vai e vem de nomes e preferências arruinou o relacionamento entre executivo e legislativo antes da posse.
Cerqueira eleito presidente, se reportava ao vice nos acordos para acomodação dos interesses.
O segundo embate foi justamente com seu vice. Segundo a lenda dos bastidores da eleição, Flávia, após o sim, teria se recusado a fazer o papel que ela acusava o ex-prefeito Kalil Baracat de fazer, o papel de gerente. Talvez por isso, a frase, “Eu sou a prefeita” tenha sido repetida tantas vezes nos primeiros meses de administração.
Agressões físicas, ameaça de renúncia e o “irmão mais velho” não concedeu a coletiva de imprensa que marcou para uma segunda-feira, quando revelaria os motivos de seu afastamento que não ocorreu.
De junho para cá, Tião se distanciou da administração, deixou de dar entrevistas sobre os problemas e soluções programados para a cidade, abandonando também as rédeas do relacionamento com a Câmara Municipal. Montou um gabinete com 17 assessores, pagos com o erário e mirou duas eleições; presidência do Fecomércio e uma vaga de deputado estadual na AL/MT.
A distancia de Flávia foi medida. Se der certo, ele está perto o suficiente para colher louros, se for um desastre, longe o suficiente para se eximir de qualquer culpa.
O mandato de Flávia caba de subir no telhado. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada para apurar, entre outras coisas, improbidade administrativa por estampar nos uniformes dos alunos do município a marca de sua administração, o que é proibido e pode levá-la a cassação.
Reverência em público e adagas sendo afiadas em segredo, Várzea Grande já provou disso mais de uma vez.

