JULGAMENTO É HOJE

“É um misto tão grande de ansiedade, nervoso e medo”, diz viúva de Scheifer

Scheifer foi morto pelos próprios colegas militares no dia 13 de maio de 2017, em Matupá. O julgamento dos acusados está marcado para esta quinta-feira (24.03).

Quase cinco anos depois da morte do tenente Carlos Henrique Scheifer, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a viúva Tássia Paschoiotto Scheifer que concedeu entrevista exclusiva ao site PHD News e contou como está sua vida nos dias de hoje e da expectativa com o julgamento dos acusados pelo assassinato do seu marido, marcado para esta quinta-feira (24.03), a partir das 13h30, de forma virtual, pela 11ª Vara Criminal de Cuiabá.

“É um misto tão grande de ansiedade, nervoso e de medo. Eu estou com tanto medo de ser adiado mais uma vez. São quase cinco anos esperando por isso. Você faz ideia o que é esperar quase cinco anos para que o assassino do seu marido seja julgado. Sabendo que ele está solto, vivendo a vida dele e eu esperando por isso. Hoje, o meu maior medo é de chegar amanhã e me disserem que esse julgamento será adiado mais uma vez. Só estou pedindo para Deus para que esse julgamento realmente aconteça”, declarou a viúva de Scheifer, lembrando que o julgamento foi marcado estava marcado para o dia 22 de julho do ano passado e foi adiado.

Scheifer foi morto pelos próprios colegas militares no dia 13 de maio de 2017, em Matupá,  enquanto liderava uma operação que prendeu parte de uma quadrilha de assalto a banco. Os militares Lucélio Gomes Jacinto, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino chegaram a ser presos pelo homicídio, mas atualmente respondem o processo em liberdade.

O motivo do crime foi para que Scheifer não os denunciasse por desvio de conduta na morte de um dos suspeitos por roubo. A princípio, a versão apresentada é que o tenente teria sido morto durante o confronto com os bandidos, mas um exame de balística mostrou que o tiro que matou Scheifer foi disparado pelo cabo Lucélio. Nas alegações finais, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu a absolvição de dois militares e apenas Lúcelio Gomes deve ser condenado.

“Eu espero que ele seja condenado, que ele tenha a maior pena possível. Nada vai pagar a vida do meu marido. Nem que esse rapaz fique o resto da vida dele preso. São tantos anos esperando por um desfecho que nunca vem. O meu coração fala o tempo todo que a gente vai conseguir, mas a Justiça é muito falha, muito morosa”, desabafa a viúva.

Tássia conta que os últimos cinco anos foram muito difíceis. Nos três primeiros, ficou ‘afundada’ na depressão e no uso de medicamento controlado, mas que tem encontrado forças em Deus e na família para seguir em frente. “Deus foi maravilhoso comigo e me salvou dessa depressão e, nos últimos dois anos, o que eu tento fazer é só reconstruir a minha vida. Voltei a estudar e agora faço um estágio. Mas, essa parte do julgamento me prende tanto ainda e eu só quero ter paz”, afirma.

Muito emocionada, Tássia diz que tem o propósito de honrar o sobrenome dele que ela carrega e que, apesar da dor, é muito grata a Deus por ter vivido uma grande história de amor. “Quando eu lembro da minha vida eu penso: Meu Deus como eu tive um casamento feliz. Desde o primeiro dia que a gente se conheceu, como foi maravilhoso ter sido amada por aquele homem, amar e ser amada pelo melhor homem do mundo. Eu tiro minhas forças em honrar para sempre o nome dele. Hoje eu consigo ver Deus em tudo. Mas é inevitável quando me deparo com esse tipo de situação como agora a possibilidade do fim desse julgamento, isso realmente sempre me abalar muito”.

Questionada sobre o que o dia 13 de maio representa para ela a partir de agora, Tássia diz que é uma das perguntas mais difíceis e tenta não pensar na data somente como o dia da morte do marido. “Como cristão, sou muito católica e a minha vida toda eu posso dizer que nessa data eu fui muito feliz porque é o Dia de Nossa Senhora de Fátima. Eu consigo lembrar exatamente do dia que meu marido saiu de casa e eu só queria esse dia de volta. A felicidade que ele estava quando levantei para fazer o café da manhã. Dei um beijo nele e ele trazia uma maçã e o colete quando falei: Vai com Deus, mas volta jacaré. Ele mordeu a maça e disse ‘tô indo’ e me deu um beijo. Meu Deus, que dor, eu daria qualquer coisa no mundo, daria a minha vida só para voltar naquele dia e nunca permitir que meu marido saísse de casa”, finaliza.

 

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