Mas nesse caso, a noticia não é boa. Nos destacamos, recentemente, como o segundo local no Brasil em geração de emprego. Comemorações, propaganda, orgulho. Discursos reafirmam o objetivo de, no próximo ano, chegarmos em primeiro lugar.
Mas tem um outro ranking que somos primeiro lugar, novamente, e sempre estamos entre os três primeiros colocados, e não há, sequer, o discurso de não repetirmos a vergonhosa classificação.
Mato Grosso foi, novamente, campeão em feminicídios durante o ano de 2024. Foram 2,5 mortes por cada cem mil habitantes. No mês de setembro, quando as atenções se voltam para a prevenção em suicídios, Mato Grosso registrou oito mortes de mulheres por feminicídio.
Em 2023 fomos campeões com a mesma taxa, 2,5 por 100 mil habitantes. Igualmente apresentamos o dobro da média nacional, 1,4.
O pacote antifeminicídio de 2023, de autoria da senadora mato-grossense Margareth Buzetti, foi sancionado em outubro de 2024, trazendo aumento nas punições para esse tipo de crime.
O aumento de penas para crimes contra a mulher já aconteceu e não resolveu.
Tanto na criação da Lei Maria da Penha quando na criação da tipificação, feminicídio, as penas foram majoradas.
A política nacional, que aqui ganha reforço com a reclamação constante do governador Mauro Mendes de frouxidão nas leis, parece ver só esse caminho, aumento de penas.
Alguém ouviu que teremos mais delegacias especializadas da mulher pelo estado, a começar por Várzea Grande que já demanda essa falta há anos?
Enquanto em outras áreas as boas intenções, por vezes, são avaliadas como meros discursos; de outro lado, para salvar vidas e abandonarmos esse incomodo troféu, além do que já não deu certo, não há nada, nem discursos.
Quem sabe o tom comemorativo do mórbido troféu, possa incomodar.