PREGAÇÃO E PREGADOR

Do joelho no milho à cadeira elétrica, um espaço vazio

O ser humano tem gosto por ver outro ser humano em maus lençóis.

Através da história, os enforcamentos, morte por fogueiras, cadeiras elétricas e outros tipos de execuções públicas, sempre tiveram aglomerações para assistir tais atos, sendo que muitos dos executados eram conhecidos em suas comunidades, não se tratava se ver um estranho morrer.

Uns poucos locais no mundo ainda mantem a pena de morte como punição.

Mas note, que mesmo entre fãs, as notícias que colocam seu idolatrado em situação difícil existe um sem número de acesso muito superior do que quando ocorre algo bom para ele.

Esse atavismo acaba refletindo na política, onde o desejo pela morte de um criminoso, proibido petreamente em nossa constituição, atrai likes e votos para quem a defende, mesmo sabendo que nunca se tornará lei por aqui.

Essa semana o deputado Gilberto Cattini, em uma fala que minimizava o machismo estrutural, que em muitas situações leva a um feminicídio, se viu preso em armadilha de pauta ideológica de onde extrai votos, mas que lhe alcançou como tragédia, quando sua filha foi assassinada pelo ex-marido que não aceitava a separação.

Sendo parlamentar do estado que mais mata mulheres no país, somente por sua condição de ser mulher, Cattani ao responder pergunta relacionada ao tema, disse que: “Se você olhar quantos homens morrem, também morrem muitos homens, não é uma questão de maioria ou minoria”.

Dizendo que é uma “questão familiar”, e ao tentar ser coerente com seus posicionamentos anteriores e propagados sempre que possível, foi pego em um pare-gato, pois condenar o assassino e defender a filha não se ajustavam na mesma pauta.

“Qualquer um tem o direito de acabar o relacionamento. Mas tem que ser de uma forma amigável, uma forma amistosa, uma forma que não aconteça esse tipo de tragédia que acontece como aconteceu conosco”, disse Cattani.

A intenção não é revirar dores e não tem o deputado no centro da questão, mas sim quem concorda que seres diferentes devem ter tratamentos iguais.

Se os esforços e desejos em punir fossem menores que os esforços para evitar crimes, poderíamos experimentar tempos melhores, mas é preciso compreensão dos “porquês” de os crimes acontecerem.

Podemos começar com a compreensão que não dá pra se declarar cristão e a favor da pena de morte ao mesmo tempo.

Compartilhe:

Destaques