A língua portuguesa falada aqui por terras tupiniquins vem se transformando constantemente. Já temos a identificação na internet por português do Brasil, provavelmente estejamos a caminho da língua brasileira.
A palavra título deste material na verdade é adjutório, e significa auxilio, demão, socorro. Na época do Brasil rural, com enorme parcela de analfabetos, era muito utilizada por pessoas, que por opção ou não vieram para as cidades e se viam sem condições de se manter. Mas ficou famosa mesmo, dada como resposta aos candidatos em campanha eleitoral.
-“Carecê, nois carece de muito, mais por agora um dijitório serve”.
Os salários do serviço público, por lei não podem (ou poderiam?) ultrapassar o teto atual de R$ 35.462,22.
Servidores do judiciário, incluindo juízes, também estão sob essa regra. Em tempo recente a sociedade mato-grossense se escandalizou com vários salários de magistrados, somados a auxílios e acúmulos, ultrapassarem os quatrocentos mil reais, um chegou a mais de quinhentos mil reais.
Em nosso estado os chamados penduricalhos que são acrescentados aos salários dos juízes são três; Auxilio alimentação, auxilio saúde e ajuda de custo.
Pois bem. A Associação Mato-grossense de Magistrados/AMAM pediu aumento para o auxilio alimentação dos magistrados. A justificativa é que desde 2018 não é reposta a perda inflacionária. O pedido é que o auxilio saia dos atuais R$ 1.150,00 (o menor) para R$ 1.773,00 (o maior).
O que será que pensam sobre isso as pessoas da fila dos ossinhos, que no preparo dos ossos que ganharam vão gastar, por conta dos impostos que irão financiar, entre outras coisas os tais auxílios, R$ 110,00 no botijão de gás que sai da refinaria por menos de R$ 45,00? Talvez o sentimento completo de humilhação, ou a sensação de que famosa frase foi dita novamente: “Se não tem pão, que comam brioches”.
Sem discussão de mérito sobre os penduricalhos, mas, a escolha do momento para pedir tal aumento, só pode ser desejo incontrolável de aparecer negativamente na mídia nacional.
Senhores donos da ideia do aumento, por favor, peçam para que seus motoristas desviem o caminho habitual e passem pelo CPA2 onde o açougue faz a distribuição e existem miseráveis pagadores de impostos na fila dos ossos. Para ajudar na reflexão, utilizem o caminho de um bairro anterior chamado “Morada do Ouro”.
Paulo Sá, jornalista e analista político