O primeiro dia de inscrições para o Programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal em Cuiabá, teve tumulto, pilantragem, agressão e exposição da população carente a um esforço desnecessário.
Acostumados a filas e tratamento desumanos na busca por seus direitos, os pobres que levaram filhos doentes no colo por não ter com quem deixar, faltaram ao trabalho, passaram frio no sereno da madrugada invernal, do cochilo sentado nas calçadas das ruas que ladeiam o local de inscrição, das brigas por lugar na fila, das ofertas de senhas falsas, o firme sonho de ter um teto não deixou que vissem a real situação e os culpados pelo esforço em vão feito por eles.
Após seis meses de mandado e nada a apresentar, a atual administração, na ânsia de mostrar algo que não sejam serviços essenciais com a mesma qualidade que o antecessor oferecia, se atrapalha ao usar chapéu alheio.
Falando claramente, não existe sorteio de casas. Não existe inscrição para ganhar casas.
Trata-se de inscrição para apresentação de documentação para financiamento do programa federal. Entre os cadastros aprovados, depois de uma longa verificação de dados fornecidos e por esperar que eles sejam em número superior ao número de casas oferecidas, obedecendo critério do mesmo programa, aí sim será feito um sorteio. Não foi esse o chamamento feito.
Da forma que o anuncio foi realizado, não se pode pôr a culpa pelo tumulto e sacrifico em vão na própria população. A convocação foi claramente entendida como inscrição para sorteio de casas do projeto municipal Casa Cuiabana, foi isso que a prefeitura anunciou.
“Mas não precisava vir até o local, a inscrição pode ser feita por internet”, argumentaram secretária e prefeito. Ocorre que o número de acessos foi maior que o portal suportava e derrubou a página, não havia preparo nem para receber as inscrições por internet.
Ao invés de um pedido de desculpas o que se viu foi mais um “showzinho instagrâmico” de alguém com dedo em riste gritando: “Se não sabe respeitar as pessoas, não merece receber casa. Se não sabe respeitar uma mulher com uma criança no colo, não merece receber casa!”, novamente dando a entender que “ele” é quem estaria proporcionado a tão sonhada casa que elas buscavam participar do “sorteio”.
E assim, de barranco em barranco, de dentro do “ônibus Cuiabá”, assistimos o motorista aprender a dirigir e postar proezas como um asnovolante.