O assunto, o problema e a solução não são novos.
A história tem mais buracos que a própria rodovia, agora e no passado.
Voltando ao início chegamos a 2013, ano da assinatura do contrato entre o consorcio e o governo federal. As obras começariam no ano sequente e se estenderiam até 2019 quando, pelo contrato deveríamos ter o leito da rodovia duplicado em 453 dos seus 855 quilômetros, pouco mais de 100 receberam as obras contratualizadas.
Os nove pontos de cobrança de pedágio continuaram em pleno funcionamento, e com tarifa cheia. Durante todos estes anos a empresa faturou como se tudo estivesse de acordo com o programado em contrato. Não temos notícias de qualquer multa aplicada pelo não cumprimento ou de aplicação de, pelo menos, bom censo, diminuindo o valor do pedágio a altura do serviço prestado.
A empresa alegou impossibilidade do cumprimento por ter sido negado empréstimo de longo prazo pelo BNDES, prêmio pelo envolvimento de sua maior acionista, Odebrecht, na lava jato.
Os prazos de execução de obras começaram a vencer em 2016 e até 2020 nada acontecia. Neste período a nossa classe política disse inúmeras vezes, “já está resolvendo, é coisa de meses”. Ano sequente ao vencimento do prazo de conclusão a Rota do Oeste entrou com pedido de repactuação contratual. E tome “tá resolvendo”.
Vamos aos últimos acontecimentos. Depois da interferência da OAB/MT, com a presença do ministro Tarcísio Vieira de Carvalho, em uma audiência publica que será realizada na próxima sexta feira (16), para esclarecer a população do arranjo feito. Um TAC (termo de ajustamento de conduta) será assinado entre empresa e governo federal e a Rota do Oeste abre o capital para receber empresa com saúde financeira suficiente para a empreitada.
Hoje o governador Mauro Mendes se pronunciou a respeito. Disse ser um absurdo não terem terminado as obras e cobrarem pedágio.
-Mauro, ô Mauro! (estou falando do outro Mauro, o Carvalho, da Casa Civil).
-Avisa o chefe que isso está assim faz tempo.
É, ao que parece, está resolvendo, menos, claro, o valor recebido indevidamente pela empresa, já que o usuário pagou por transitar em uma rodovia que ainda não existe, e as vidas perdidas em todos esses anos em que o “Tá Resolvendo” não resolveu.
Paulo Sá, jornalista e analista político